sábado, 29 de abril de 2023

Falsas contradições entre os ensinos de Yeshua e a Torá

 




Falsas contradições entre os ensinos de Yeshua e a Torá

 

 

A torá  e os ensinos de Yeshua 

 

No Sermão da Montanha, existem seis momentos em que Yeshua usa a seguinte fórmula: “Ouviste que foi dito... Mas eu vos digo”. Há pessoas que usam estes textos como tentativa de provar que a Lei foi revogada. Não obstante, se pesquisarmos com minudência o discurso do Mashiach, verificaremos que Yeshua não está declarando a abolição da Lei (Torá), mas sim sua vigência. Senão vejamos.

A) A questão do homicídio

“Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não matarás’, e ‘quem matar estará sujeito a julgamento’.

Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento. Também, qualquer que disser a seu irmão: ‘Racá’, será levado ao tribunal. E qualquer que disser: ‘Louco!’, corre o risco de ir para o fogo do Guey Hinom”

(Matityahu/Mateus 5:21-22).

 

Na passagem referida, Yeshua cita a proibição do homicídio que está prevista na Torá (Ex 20:13; Dt 5:17). Já que uma das funções do Mashiach é interpretar a Torá e lhe revelar os significados mais profundos e até então ocultos, Yeshua explica que a ira contra seu irmão é equiparada ao homicídio. Em sentido parecido, consta do Talmud Bavli, no tratado de Bava Metzia:

“Aquele que publicamente avilta seu próximo age como se derramasse seu sangue”

(m. Bava Metzia 58b).

 

Ora, já que a Torá proíbe tanto o assassinato (Ex 20:13 e Dt 5:17) quanto o rancor (Lv 19:18), o Mashiach os colocou em um mesmo patamar, demonstrando o alto grau de santidade que deve ser vivido por seus discípulos. Assim fazendo, o Mashiach não invalidou a Torá, mas lhe deu uma interpretação mais rigorosa.

Consoante o pensamento de Yeshua e de outros rabinos, a violação de um mandamento menor (ex: rancor contra o próximo) pode levar à transgressão de um maior (ex: homicídio). Consequentemente, deve o homem cumprir o mandamento menor para que não seja levado à infração de mandamento mais grave. Mister citar o Midrash tanaítico, Sifre de Devarim/Deuteronômio 19:10-11:

“Para que sangue inocente não seja derramado... e assim a culpa do derramamento de sangue recairá sobre ti... Mas se um homem odeia seu vizinho, o espera no caminho e o ataca... A este respeito foi dito: Um homem que transgredir um mandamento leve acabará por transgredir um mandamento pesado. Se transgredir ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’ (Lv 19:18), acabará por transgredir ‘Não te vingarás e não guardarás rancor’(Lv 19:18). Daí, ‘Que seu irmão possa viver a teu lado’ (Lv 25:36) até quando ele derramar sangue”.

 

Conclui-se, pois, que Yeshua desenvolveu um típico raciocínio rabínico de que tanto o homicídio quanto o rancor devem estar longe do homem, já que ambos são proibidos pela Torá.

 

 B) A questão do adultério

 “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério.

Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela”

(Matityahu/Mateus 5:27-28).

 

De um modo geral, teólogos cristãos asseveram que Yeshua criou um novo mandamento, uma vez que a Lei proibia o adultério e o Mashiach inovou ao vetar a simples cobiça com os olhos. Tal raciocínio está complemente equivocado. Senão vejamos.

A Torá tanto proíbe o adultério quanto a mera cobiça:

Não adulterarás

(Shemot/Êxodo 20:14)

“Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”

(Shemot/Êxodo 20:17).

 

Então, Yeshua estava corrigindo a falsa instrução de que somente o adultério é pecado, e que a cobiça não consistia em transgressão aos mandamentos do ETERNO. O reparo efetuado pelo Mashiach demonstra que ambas as condutas (adultério e cobiça) são desaprovadas pela Torá de YHWH.

 À luz do judaísmo dos essênios, cujas ideias possuem profunda relação com as lições de Yeshua, cobiçar com os olhos é sinal de impiedade. É o que se lê dos Manuscritos do Mar Morto:

“Pois isto é o que disse [Hc 1:13a]: ‘Teus olhos são demasiado puros para ver o mal’. Sua interpretação: que seus olhos não os arrastam para a luxúria na época da impiedade

(Pesher de Havakuk/Habacuque, Col.V, linhas 6-7).

 

“Agora, pois, filhos meus, escutai-me e eu abrirei vossos olhos para que vejais e compreendais as obras de Elohim, para que escolham aquilo que lhes compraz e rejeiteis o que odeiam, para que caminheis perfeitamente por todos os seus caminhos e não vos deixeis arrastar pelos pensamentos da inclinação culpável e dos olhos luxuriosos

(Documento de Damasco, Col.II, linhas 14-16).

 

Na mesma linha, o judaísmo rabínico, derivado do farisaísmo, também equipara a cobiça ao adultério. Contém o Talmud Bavli:

“Aquele que olha com cobiça para o pequeno dedo de uma mulher casada é como se já tivesse cometido adultério com ela”

(Kalá, capítulo 1).

 

O Midrash Rabá de Vayikrá (Levítico) dispõe:

“Não é somente o que peca com seu corpo que é chamado de adúltero, mas aquele que peca com seu olho também é assim chamado”

(XXIII, 12).

 

Logo, a lição de Yeshua sobre o adultério em pensamento se harmoniza perfeitamente com a Torá, bem como com o judaísmo antigo.

 

C) A questão do divórcio

“Também foi dito a respeito de quem quer repudiar sua mulher: deve escrever uma carta de divórcio e dar a ela, mandando-a para longe de sua casa.

Mas eu lhes digo: qualquer que repudia sua mulher, exceto por causa de prostituição, comete adultério contra ela, e quem toma a mulher repudiada comete adultério”

(Matityahu/Mateus 5:31-32. Tradução direta do Manuscrito DuTillet em hebraico)

 

Existe uma contradição aparente (e não real) entre a Torá e o escólio de Yeshua. Aqueles que defendem que “Yeshua revogou a Lei” dizem: a Lei permitia o divórcio, porém, o Salvador o proibiu, exceto no caso de adultério.

Coteje os versos acima transcritos com estas palavras do Mashiach:

“Então chegaram ao pé dele os p’rushim [fariseus], tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?

Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez,

E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?

Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Elohim ajuntou não o separe o homem.

Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moshé [Moisés] dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la?

Disse-lhes ele: Moshé [Moisés], por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim.

Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério”

(Matityahu/Mateus 19:3-9).

 

Os p’rushim (fariseus) sustentaram que o divórcio é permitido pela Torá, o que é verdade, consoante o seguinte texto:

“Se um homem tomar uma mulher e com ela consumar o casamento, e depois passar a não se agradar mais dela, por ela lhe ter feito alguma coisa ofensiva, ele escreverá para ela um certificado de divórcio, dará a ela o certificado e a mandará embora para sua casa”

(Devarim/Deuteronômio 24:1)

 

Já que os p’rushim defenderam o divórcio com fundamento na Torá, Yeshua usa a própria Torá para demonstrar que o ETERNO não aprova a separação (exceto no caso de adultério):

TORÁ

ENSINO DE YESHUA EXTRAÍDO DA TORÁ

 

 

“E criou Elohim o homem à sua imagem: à imagem de Elohim o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1:27)

 

“Homem e mulher os criou; e os abençoou...” (Gn 5:2)

 

“Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2:24).

“Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Elohim ajuntou não o separe o homem” (Mt 19:4-6).

 

Após o Mashiach explicar que a Torá é contra o divórcio, falou o motivo pelo qual Moshé (Moisés) permitiu a separação: “Moshé, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim” (Mt 19:8). Ou seja, Yeshua explica que somente os duros de coração se divorciam e que no princípio não era assim.  A expressão “no princípio”, em hebraico, é bereshit (בראשית), que é o nome semita do livro de “Gênesis”. Então, o Mashiach quis demonstrar que antes da queda do homem, e o ingresso do pecado no mundo, planejou o ETERNO a indissolubilidade do vínculo matrimonial, estado ideal que deve ser mantido por aqueles que não têm o coração embrutecido. Trata-se da aplicação do princípio judaico de interpretação conhecido como “yesod habriah” (o princípio/fundação da criação), ou seja, a pessoa deve tentar viver conforme as regras estabelecidas pelo ETERNO “no princípio”, antes da queda do homem.  

Em suma, a mesma Torá usada pelos fariseus para justificar o divórcio também foi manejada por Yeshua para provar que o ETERNO não aprova a separação, já que no princípio criou homem e mulher para que ambos fossem uma só carne. Esta interpretação de Yeshua não é novidade em termos do Judaísmo antigo, visto que, em período anterior, os essênios defendiam a indissolubilidade do matrimônio e criticavam os fariseus por tomarem mais de uma esposa durante suas vidas:

“Os construtores de muros [=fariseus] ... são capturados duas vezes na fornicação: por tomar duas mulheres em sua vida,apesar de que o princípio da criação é: ‘macho e fêmea os criou’

(Documento de Damasco, Col.IV, 19-21).

 

Contemporâneo de Yeshua, o rabino Shamai (50 A.C a 30 D.C), que era fariseu, também pregava que o divórcio somente seria admitido em caso de adultério, extraindo este entendimento a partir do texto de Devarim/Deuteronômio 24:1: “Se um homem tomar uma mulher e com ela consumar o casamento, e depois passar a não se agradar mais dela, por ela lhe ter feito alguma coisa ofensiva, ele escreverá para ela um certificado de divórcio...”. Segundo a letra da Torá, para ocorrer o divórcio, a mulher precisa “ter feito alguma coisa ofensiva”, o que significa, na visão de Shamai, o cometimento de adultério.

Conclusão: a interpretação do Mashiach sobre a indissolubilidade do casamento é pautada na Torá, em conformidade com o judaísmo essênio e com o judaísmo farisaico de Shamai.

 

D) A questão dos juramentos

“Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos a YHWH.

Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Elohim;

Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Yerushalayim [Jerusalém], porque é a cidade do grande Rei;

Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.

Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna”

(Matityahu/Mateus 5:33-37)

 

Mais uma vez aparece uma suposta contradição entre Yeshua, que proíbe os juramentos, e a Torá, que os permite (Lv 19:12, Dt 10:20 e Nm 30:3 ou, nas versões cristãs, Nm 30:2).

A Torá não proibe os juramentos, mas proibe os falsos juramentos (Lv 19:12). A partir deste conceito, no Judaísmo antigo desenvolveu-se o entendimento de que seria desnecessário firmar um voto, já que a pessoa deveria ter tamanha idoneidade que suas palavras valessem como juramento.

Tendo vivido na mesma época do Mashiach, o filósofo judeu Filo de Alexandria (25 A.C a 50 D.C) escreveu:

“A palavra de um homem bom... deveria ser um juramento, firme, inabalável, completamente livre de falsidade, firmemente plantado na verdade”

(Decálogo, 84).

 

Por sua vez, o Judaísmo essênio apregoava lição parecida com a de Yeshua:

“Não jurará pelo Álef e o Lamed, nem pelo Álef e o Dálet”

(Regra de Damasco, Col.XIV, 1).

 

Álef e Lamed são as letras hebraicas que formam a palavra “EL”, o ETERNO; por vez, Álef e Dálet são as iniciais de “ADONAI” (= Meu SENHOR). Ou seja, os essênios de Qumran também não recomendavam que fossem proferidos juramentos usando o nome do ETERNO.

O historiador Flávio Josefo, que viveu no primeiro século, escreveu acerca da abstenção de juramentos por parte dos essênios:

“... e cumprem tão inviolavelmente o que prometem que se pode prestar fé às suas simples palavras, como a juramentos. Eles os consideram mesmo como perjúrios, porque não podem crer que um homem não seja um mentiroso quando tem necessidade, para que nele se creia, de tomar a Deus por testemunha.”

(História dos Hebreus, CPAD, 8ª edição, página 1130).

 

Pensavam os essênios que a palavra de um homem tinha a força obrigatória de um juramento, razão pela qual seria desnecessário invocar o nome do ETERNO. De forma semelhante esta questão é tratada no Talmud, em uma passagem em que os rabinos discutem se um contrato verbal teria força obrigatória entre as partes, ou seja, se a simples palavra deveria ser cumprida. Verifique a conclusão no Tratado de Bava Metsia:

“O rabino Yosef filho de Yehudá disse: ... é para ensinar-lhe que o seu ‘sim’ deve ser apenas [sim] e que seu ‘não’ deveria ser apenas [não]. Abaye disse: Isso significa que não se deve falar uma coisa com a boca e outra com o coração.”

(Talmud Bavli, m.Bava Metsia, 49a).

 

Logo, a docência de Yeshua sobre os juramentos é compatível com a interpretação do Judaísmo antigo, firmada na Torá.

 

E) A questão do “olho por olho, dente por dente”

“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.

Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;

E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa.”

(Matityahu/Mateus 5:38-40)

 

Realmente existe na lei mosaica a cláusula do “olho por olho, e dente por dente”:

“Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé,

Queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe.”

(Shemot/Êxodo 21:24-25).

 

Aqueles que são contra a Lei do ETERNO afirmam: “Yeshua anulou a Lei, pondo fim à crueldade desta, que preconizava olho por olho e dente por dente”. O primeiro erro desta colocação está na incompreensão do que significa “olho por olho e dente por dente”. Equivocadamente, pensam os cristãos que na época de Moisés o ETERNO autorizava que alguém arrancasse o olho do outro, em pleno ato de selvageria.

“Olho por olho e dente por dente” não pode ser interpretado literalmente, pois se trata de uma expressão idiomática que simplesmente quer dizer: se alguém cometer um dano contra outrem, deverá compensá-lo por meio de uma indenização proporcional ao prejuízo. Em outras palavras, se em uma briga X arranca o dente de Y, este último terá direito a receber uma compensação financeira correspondente ao dano injustamente sofrido.

Atente para o entendimento rabínico:

“Segundo o Talmud, na verdade, o Legislador não quis dizer ‘olho por olho’, e aqui vamos dar dois exemplos para demonstrar que sua aplicação nem sempre é possível. Supondo que Simão tenha só um olho e que, numa briga com Rubem, este o tire, ficando Simão completamente cego, não se faria justiça tirando um olho de Rubem; o castigo seria insuficiente, pois cegou completamente um homem e ele (o que cegou) não ficou cego. Vejamos o caso contrário: Simão, que tem um olho só, tria um olho de Rubem. Se, para castigar Simão, Rubem lhe tira o seu único olho, ele ficará cego, e desta forma o castigo não terá a mesma proporção do delito, porque Simão não cegou completamente Rubem. Por tanto, essa lei chamada de ‘Lei de Talião’ não tem o sentido que se lhe atribui, senão que é uma questão de danos e prejuízos, na qual aquele que danifica sofre ou paga segundo o critério dos juízes.”

(Torá - a Lei de Moisés, sefer, 2001, página 222).

 

 

Em sentido idêntico ensina o historiador Geza Vermes:

“É quase desnecessário lembrar que no ensinamento pós-bíblico, Ex 21,24 não era interpretado literalmente como exigindo que um dano correspondente fosse infligido à pessoa culpada de causar injúria corporal. Uma vingança sangrenta era substituída por uma compensação monetária judicialmente estabelecida. Josefo conhecia este procedimento (Ant.iv. 280), e este princípio é pressuposto naMishná (cf. mBQ 8,1). A Mekhiltade Ex 21,24 (III, 67) equaciona simplesmente ‘olho por olho’ com mamon, isto é (olho-) dinheiro (sic). Os Targums palestinianos oferecem uma paráfrase muito clara: ‘O valor de um olho por um olho; o valor de um dente por um dente; o valor de uma mão por uma mão; o valor de um pé por um pé’, etc.”

(A religião de Jesus, o Judeu, Imago, 1995, páginas 40 e 41).

 

De posse deste conceito, releia as palavras do Mashiach em Mt 5:38-40 e perceberá que este ensinou que seus discípulos, quando injustiçados por alguém, não deveriam exigir a compensação financeira do dano sofrido, mas sim “oferecer a outra face”, isto é, demonstrar bondade a seus devedores e nunca buscar a vingança.

Destarte, Yeshua não aboliu o sistema judicial de reparação de danos (“olho por olho”), mas recomendou que seus talmidim não buscassem se vingar de seus ofensores, tal como diz a Torá:

“Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou YHWH.”

(Vayikrá/Levítico 19:18).

 

Segue o mesmo vetor o magistério do rabino John Fischer:

“O ponto de Yeshua aqui enfatizado é a resposta adequada para o insulto de ‘levar um tapa na cara’. Uma pessoa não deve buscar a reparação ou retaliação, mas suportar o insulto humildemente. Com isso, os rabinos concordaram e aconselham que quem recebeu um golpe na face deve perdoar o ofensor, mesmo que ele não peça perdão (Tosefta Baba Kamma 9:29f). O Talmud elogia a pessoa que aceita ofensa sem retaliação e se submete ao sofrimento e ao insulto alegremente (Yoma 23a)”

(Jesus through jewish eyes: a Rabbi examines the life and teachings of Jesus, Rabbi John Fischer).

 

Aliás, o dar a outra face não é uma inovação de Yeshua, pois tal ensino já consta do Tanach (Primeiras Escrituras):

“Dê a sua face ao que o fere; farte-se de afronta.”

(Eichá/Lamentações 3:30)

 

Comprova-se, pois, que o Mashiach não anulou a Torá, mas lhe teceu lições com fundamento nas Primeiras Escrituras.

 

F) A questão do amor aos inimigos

“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo.

Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus.”

(Matityahu/Mateus Mateus 5:43-44).

 

Ao ler este texto, teólogos desavisados afirmam que a Torá ensinava tanto o amor ao próximo como o ódio aos inimigos, e que Yeshua veio para mudar este panorama, lecionando que seus discípulos amassem a todos, inclusive os inimigos. Eis o  erro destes teólogos: a Torá do ETERNO determinou o amor a todos os homens, e nunca prescreveu o ódio aos inimigos.  O ódio não vem da Torá, mas de religiosos que deturparam as palavras de YHWH.

Cita-se o que a Torá receita sobre o amor e o ódio:

Não guardem ódio contra o seu irmão no coração; antes repreendam com franqueza o seu próximo para que, por causa dele, não sofram as consequências de um pecado.   

Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou YHWH.

(...)

O estrangeiro residente que viver com vocês deverá ser tratado como o natural da terra. Amem-no como a si mesmos, pois vocês foram estrangeiros no Egito. Eu sou YHWH, o Elohim de vocês.”

(Vayikrá/Levítico 19:17,18 e 34).

 

Comprovou-se acima que a Torá ensina amar o próximo como a si mesmo e proíbe o ódio, razão pela podemos voltar às palavras de Yeshua e fazer as seguintes interpolações entre colchetes:

Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo [tal como consta da Torá em Lv 19:18 e 34]e odiarás o teu inimigo [este ‘mandamento’ não está na Torá].

Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam ... [porque estas regras decorrem das Escrituras: Lv 19: 34, Pv 20:22]”  (Matityahu/Mateus Mateus 5:43-44).

 

A instrução de Yeshua sobre o amor ao próximo, extraída da Torá, se assemelha com o ensino farisaico do rabino Hilel (60 A.C a 9 D.C), que apregoou o amor a todos os seres humanos, inclusive aos inimigos. Compulse a Mishná:

 “Hilel dizia: procurai ser como os discípulos de Aharon [Aarão], amai a paz, procurai a paz, amai as pessoas e aproximai-as da Torá.”

(Avot 1:12)

 

Segundo Filo de Alexandria, o judaísmo praticado pelos essênios também enfatizava o amor:

“Nisso usam uma regra e uma definição tríplice, isto é: amor a Deus, amor à virtude e amor à humanidade

(Philonis Opera, Ed. Mangey, London, 1742).

 

Assim, o professorado de Yeshua sobre o amor ao próximo como a si mesmo possui respaldo na Torá (Lv 19:18), e recebeu desenvolvimento doutrinário em período anterior à vinda do Mashiach, destacando-se as lições da Escola de Hilel e do Judaísmo essênio.

Destarte, após a investigação das seis pseudo contradições do magistério de Yeshua, chega-se ao seguro entendimento de que as palavras do Mashiach não violaram a Lei de Moisés, e sim a explicaram de acordo com a melhor doutrina do Judaísmo do período do Segundo Templo.   

 

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Yeshua e o tzitzit


Yeshua e o tzitzit

Você está curioso para saber se Ieshua usava as tradicionais judaicas franjas (tzitzit)?

Hoje os homens judeus ortodoxos continuam o antigo costume de usar franjas nas suas vestes.

Ieshua fez também usava franjas?

O costume de usar franjas origina-se com um mandamento na palavra de D-us: “E falou o IHVH a Moshe, dizendo: Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes que nas bordas dos seus vestidos façam franjas, pelas suas gerações: e nas franjas das bordas porão um cordão de azul. E nas franjas vos estará, para que o vejais, e vos lembreis de todos os mandamentos do IHVH, e os façais: e não seguireis após o vosso coração, nem após os vossos olhos, após os quais andais adulterando. Para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os façais, e santos sejais a vosso Elohim. Eu sou o IHVH vosso Elohim, que vos tirei da terra do Egito, para vos ser por Elohim: eu sou o IHVH vosso Elohim” (Nm 15:37-41)

No Hebraico palavra “franja” é tzitzit. Tzitziyot é o plural Hebraico


Tzitzit – franjas -, que eram para ser usadas nos quatro cantos do seu vestuário, foram projetadas para ser um lembrete constante para os judeus, para ser um povo distinto, separou para o serviço do único e verdadeiro D-us.

Mesmo suas vestes diárias eram para lembrar ao povo judeu de seu exclusivo chamando como uma nação santa.

Desde que Israel estava cercado de nações pagãs que adoravam ídolos e falsos deuses, D-us advertiu-os a não ser como os pagãos.

As franjas agiriam como um sinal contínuo ao mundo que o povo judeu tinha um chamado para D-us, e através disso eles exibiam sua devoção a D-us.

Tzitzit (franjas) estão cheio de simbolismo e ter uma conexão com a vida e a morte.

Após a morte, uma franja é cortada tallit do homem judeu (xale de orações), que simboliza o fim de sua obrigação de seguir os mandamentos.

Se entendemos que este simbolismo, entendemos a riqueza adicionada à atitude de David e o rei Sha´ul. Quando David deslizou até o rei Sha´ul e cortou a orla do seu manto, isto foi claramente um simbolismo da morte. Sabendo disso, David sentiu remorso e disse a seus homens para poupar a vida de Sha´ul (I Sm 24).

Ele disse a Sha´ul, depois, “Depois também David se levantou, e saiu da caverna, e gritou por detrás de Sha´ul, dizendo: Rei, meu senhor! E, olhando Sha´ul para trás, David se inclinou com o rosto em terra, e se prostrou. E disse David a Sha´ul: Por que dás tu ouvidos às palavras dos homens que dizem: Eis que David procura o teu mal? Eis que este dia os teus olhos viram, que o IHVH. hoje te pôs em minhas mãos nesta caverna, e alguns disseram que te matasse: porém a minha mão te poupou: porque disse: Não estenderei a minha mão contra o meu senhor, pois é o ungido do IHVH. Olha pois, meu pai, vê aqui a orla do teu manto na minha mão; porque, cortando-te eu a orla do manto, te não matei. Adverte, pois e vê que não há na minha mão nem mal nem prevaricação nenhuma, e não pequei contra ti; porém tu andas à caça da minha vida, para ma tirares” (I Sm 24:8-11).

A história bem conhecida na Brit Hadashah carrega consigo estas ricas associações com a vida e a morte.

Como ordenado pela Torah, Ieshua o nazareno também usava as franjas em suas vestes.

O livro de Mateus descreve a cura que ocorreu quando uma mulher chegou e veio para tocar a bainha do vestuário de Ieshua. A bainha do vestuário de Ieshua era o tzitzit. A mulher, que não ousou tocá-lo diretamente, tocou seu tzitzit.

E eis que uma mulher que havia já doze anos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele, tocou a borda da sua veste, porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar a sua veste, ficarei sã. E Ieshua, voltando-se e vendo-a, disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou. E imediatamente a mulher ficou sã” (Mt 9:20-22).

O fato de que a mulher estendeu a mão para tocar tzitzit de Ieshua demonstrou a fé nele, e na palavra de D-us. Esta fé lançou o poder de cura de D-us através de Ieshua.

Ieshua abraçou o uso de tzitzit. Ele não condenou usá-las, mas denunciou o mau uso para mostrar o status, espiritual ou não.

Ele expôs a hipocrisia dos fariseus, que porque eles amavam ser visto pelos outros, alongavam seu tzitziyot (Mt 23:5). Como a maioria das coisas, até mesmo a obediência para o mandamento de tzitzit pode vir de motivos impuros.

Em outras palavras, um pode ter tzitzit kosher sem ter um coração puro.

O objetivo do tzitzit é o júbilo da obediência à D-us e a seus mandamentos, não a exaltação de si mesmo e a observância.

A maneira do tzitzit ser atado tem um significado especial.

De acordo com a tradição, cada franja tem 39 enrolamentos, o que corresponde a o valor numérico da frase em Hebraico, “Adonai Echad” (o Senhor é um).

Este é um lembrete poderoso para trilhar o caminho estreito, levando para o único e verdadeiro D-us.

O fio azul

A Torah especifica que cada uma das franjas nos quatro cantos do vestuário foi para ter um longo fio de um tom especial de azul chamado “t’chelet” em Hebraico.

De acordo com o Talmud, o fio azul atua como um lembrete visual para manter um foco celestial do trono de D-us, desde que o azul assemelha-se ao oceano, que também assemelha-se aos céus, que se assemelham ao trono de D-us. A tradição diz que o corante deve vir de um gênero especial que se tornou extinto cerca de 1000 anos atrás.

Consequentemente, mais judeus, incluindo os israelitas, agora usam apenas franjas brancas, omitindo o fio azul.

Hoje, alguns rabinos acreditam que re-descobriram este Caracol e estão fazendo disponível um fio de azul para anexar ao tzitzit.
O longo fio azul está ligado aos três segmentos mais curtos, perfazendo um total de quatro segmentos para cada canto do vestuário. Estes tópicos são então amarrados como forma a dobrá-los, para que eles tenham um total oito fios. Estas são amarrados em uma série de cinco nós dobrados para simbolizar o número 13.

Segundo a tradição, adicionando o valor numérico da palavra hebraica “tzitzit”, que é 600, aos fios e nós 13, dá o total de 613.

Este é o número total dos mandamentos na Torah (613).

O tzitzit, portanto, servir como um lembrete para o povo judeu para manter a Torah e a seguir todos os mandamentos de D-us.

Observância judaica moderna

Hoje, muitos judeus observadores acompanhar o mandamento para usar o tzitzit.

Uma vez que já não é comum usar roupas de quatro cantos, judeus ortodoxos usam um tallit katan, significando pequeno tallit, sob uma camisa moderna regular.

O xale de oração, chamado o tallit gadol (grande Talit), é um vestuário de quatro cantos e é mais uma veste sobre os ombros.

Este xale de oração é usado durante os serviços de manhã por todos os participantes masculinos, e por alguns no período da tarde e noite nas orações dependendo de sua formação cultural e sua filiação judaica.

Enquanto os tamanhos variam de acordo com o costume e preferência, que alguns são grandes o suficiente para cobrir todo o corpo, enquanto outros penduram-se ao redor dos ombros.

O tallit moderno exibe uma variedade de projetos, criações artísticas e cores, incluindo representações de Jerusalém e da túnica de Iosef de muitas cores.

Aos 13 anos, meninos judeus começam a usar um Talit na sinagoga quando eles celebram suas festas de Bar Mitzvah. No Bar Mitzvah rapazes muitas vezes recebem um Talit como um presente especial de seu pai ou avô.

Em algumas comunidades judaicas, homens começam a usar o tallit após seu casamento.

Mulheres que usam tzitzit?

De acordo com a tradição judaica, as mulheres são isentas da obrigação de usar franjas em suas vestes.

No judaísmo ortodoxo, uma mulher vestindo tzitzit é semelhante a uma mulher vestindo em vestuário masculino, o que é proibido na Torah.

Na reforma do judaísmo, no entanto, as mulheres são autorizadas a usar o Talit e para participar mais plenamente nos serviços da sinagoga como publicamente a leitura da Torah.

Em algumas congregações judaicas messiânicas, um número de gentios crentes também optar por usar tzitzit para identificar-se com o povo judeu e como uma expressão de sua fé no D-us de Israel.

O costume bíblico do tzitzit continua a ser um lembrete rico para todos os crentes, judeu ou gentio, manter o foco em D-us.

O grande profeta Zechariah previu que no fim dos tempos, muitos não-judeus viriam buscando a fé do D-us de Israel de uma forma mais inusitada:

Assim diz o IHVH dos Exércitos: Naquele dia sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla do vestido de um judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Elohim está convosco” (Zc 8:23).

Pessoas de todo o mundo procuram o tzitzit do judeu, a fim de apreender o concerto de D-us com Israel.

Embora a realidade presente, com sentimentos de todo o mundo contra Israel pode parecer o contrário disto, A palavra de D-us revela o que está por vir.

“E porei em vós o meu espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra, e sabereis que eu, o IHVH, disse isto, e o fiz, diz o IHVH” (Ez 37:14).

D-us tem coisas em mente para Israel. Nós também devíamos.

Seu apoio é fundamental para nos ajudar a levar a nação de Israel a buscar o Eterno.

Vem aí um avivamento que vai abalar o mundo.

 Nós convidamos você a ser parte dele, em nome de Ieshua!


quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

o nascimento de Yeshua




   

Quando nasceu Yeshua?


O NASCIMENTO 

E possível calcular aproximadamente o nascimento de Yeshua em função da nascença de Yochanan HaMat’bil (João, o Imersor).

 

Em Lucas 1:5, afirma-se que o pai de Yochanan chama-se Zecharyah (Zacarias), que era da divisão de Aviyah (Abias). Zecharyah (Zacarias) era kohen (sacerdote).
Em Divrei HaYamim Álef/1º Crônicas 24, há a divisão dos kohanim (sacerdotes) para servirem no Beit HaMikdash (Templo) em 24 turnos. Cada uma das 24 divisões sacerdotais prestava serviços no Templo durante duas semanas ao ano:

 

1) a primeira semana ocorria na época da chuva temporã (primeira metade do ano);

 

2) a segunda semana seria no período da chuva tardia (segunda metade do ano).

 

Além destes períodos, todos os kohanim (sacerdotes) prestavam serviços conjuntamente durante os três festivais de peregrinação: pesach, shavuot e sukot (Devarim/Deuteronômio 16:16).

 

Assim, se cada ordem sacerdotal trabalhava duas semanas ao ano, e todos juntamente serviam durante as três semanas das festas de peregrinação, chega-se ao total de 51 semanas (24 ordens sacerdotais X 2 semanas + 3 semanas das festas = 51). Cinquenta e uma semanas correspondem a 357 dias, o que se compatibiliza com os 360 dias do ano bíblico-LUNAR. 
Aviah (Abias) era da oitava ORDEM,ou TURNOS (I Cr 24:10). Por conseguinte, seu primeiro turno do ano seria, em tese, na oitava semana. Porém, já que na primeira metade do ano há as festas de pesach e shavuot, em que todos os sacerdotes servem coletivamente, então, o primeiro turno de Aviah era na décima semana.
Zecharyah (Zacarias), que era da ordem de Aviah, teve a visão do anjo anunciando o nascimento de seu filho durante o período em que servia no Templo (Lc 1:5-19), ou seja, na décima semana do ano, que se inicia com o mês de Aviv.
Quando terminou seu serviço no Beit HaMikdash (Templo), Zecharyah voltou para casa e engravidou Elisheva/Isabel (Lc 1:23,24). Considerando o tempo da viagem de retorno ao lar e que teve conjunção carnal com sua mulher na mesma semana em que chegou, até em razão da motivação dada pelo anjo, Yochanan (João) foi concebido na 12ª semana do ano.
Afirma a Medicina que a gestação normal dura 40 semanas, donde se conclui que Yochanan (João) nasceu na 52ª semana (12 + 40 = 52). Este período recai praticamente em pesach, valendo lembrar que a tradição judaica afiança que Eliyahu (Elias) apareceria nesta festa para anunciar a vinda do Mashiach. Já que o ETERNO trabalha com precisão profética, é quase que certo que Yochanan nasceu na festa de pesach. Na pior das hipóteses, viria ao mundo pouquíssimos dias antes, com diferença de no máximo 5 dias, levando-se em conta o período normal de gestão apontado pela Medicina. 


Analisando-se Lucas 1:23 a 31, percebe-se que Elisheva (Isabel), já grávida, ficou cinco meses sem sair de casa (Lc 1:24) e, no sexto mês (Lc 1:26), o anjo Gavri’el apareceu para Miryam (Maria) e anunciou que ela daria luz a Yeshua, ou seja, o Mashiach foi concebido no sexto mês da concepção de Yochanan, por volta de 25 semanas.
Então, se Yochanan foi concebido na 12ª semana do ano e a concepção de Yeshua se deu 25 semanas depois, deduz-se que o Mashiach foi gerado pela Ruach HaKodesh na 37ª semana do ano (12 + 25 = 37). Tal época coincide aproximadamente com Chanucá (“festa das luzes”). Eis que interessante: por volta da festa das luzes foi concebido Yeshua, a Luz do mundo!



Como expendido anteriormente, a gestação normal dura 40 semanas. Infere-se daí que Yeshua nasceu por volta da 77ª semana (37 + 40 = 77), o que equivale a 26ª semana do ano seguinte, em torno das festas de Yom Teruá, Yom Kipur e Sukot (em setembro ou início de outubro, e não em 25 de dezembro).



Yeshua nasceu em Sukot. Porém, Lucas escreveu que o menino nasceu em uma “manjedoura” (Lc 2:7). Não obstante, vejamos o texto em aramaico da Peshitta, que apresenta um detalhe surpreendente:
וילדת ברה בוכרא וכרכתה בעזרורא וארמיתה באוריא מטל
דלית הוא להון דוכתא איכא דשׁרין הוו

Tradução de Lucas 2:7:
“E ela deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o  באוריא (numa manjedoura/cabana/tenda), "porque não havia quarto para eles na hospedaria”.



Com efeito, a palavra “aurya” significa manjedoura, cabana ou tenda (Lexicon to the Syriac New Testament Peshitta, Willian Jennings, página 16; Compendious Syriac Dictionary, Robert Payne Smith, página 8).



Então, Yeshua nasceu em uma cabana ou tenda, que em hebraico leva o nome de “suká” (plural de suká: sukot).
Foi explicado que a nascença de Yeshua se deu por volta do período das festas de Yom Teruá, Yom Kipur e Sukot. Aliado a tal fato, temos que Miryam (Maria) deu à luz em uma tenda (suká). Conclusãoé possível que a suká (tenda/cabana) estivesse disponível para a família porque era o período da Festa das Sukot (Tendas/Cabanas).

Curioso salientar que a palavra אוריא (tenda/cabana), caso seja dividida, forma Luz (אור) e YHWH (יא, obs: em aramaico, estas duas letras são um circunlóquio para o tetragrama). Assim, Yeshua veio ao mundo como a Luz de YHWH. Por outro lado, da palavra אוריא também se extrai ארי, que significa “leão”. Yeshua, a Luz de YHWH, também é o Leão da Tribo de Yehudá (Judá).

Outro fator de relevo diz respeito ao fato de que o anjo anunciou o nascimento de Yeshua “com boas novas de grande alegria” (Lc 2:10-11), e esta cláusula faz parte de uma antiga liturgia da Festa das Sukot.
Acresce consignar que o Judaísmo identifica a Festa das Sukot como uma prévia da Era do Mashiach (Messias), por conta da passagem de Zecharyah/Zacarias 14:16. Em função de tal Escritura, muitos esperam a aparição do Mashiach na Festa das Sukot. Por quê?
Porque no reinado do Mashiach há a menção expressa à Festa das Sukot:
E YHWH reinará sobre toda a terra. Por meio do seu messias, e  o proprio Messias adorará  o pai, junto  com todo  povo.

 1Coríntios 15:24 

Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força.


E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, YHWH dos Exércitose para celebrarem a festa de sukot [cabanas].
E acontecerá que, se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, YHWH dos Exércitos, não virá sobre ela a chuva.
E, se a família dos egípcios não subir, nem vier, não virá sobre ela a chuva; virá sobre eles a praga com que o YHWH ferirá os gentios que não subirem a celebrar a festa de sukot [cabanas].
Este será o castigo do pecado dos egípcios e o castigo do pecado de todas as nações que não subirem a celebrar a festa de sukot [cabanas].” (Zecharyah/Zacarias 14:9 e 16-19).




Observa-se no texto transcrito que, quando YHWH reinar sobre toda a terra, o que ocorrerá durante o reinado do Mashiach, então, todos terão que ir adorar em Yerushalayim (Jerusalém) e celebrarão a Festa das Sukot. Dizendo de outro modo, quando Yeshua HaMashiach voltar e estabelecer o seu Reino, haverá anualmente a comemoração de Sukot, caindo por terra o argumento cristão de que as festas bíblicas foram extintas.
Hipoteticamente falando, caso tenha Yeshua nascido no primeiro dia de Sukot, então, sua circuncisão no oitavo dia (Lc 2:21) recairia justamente no dia de Shemini Atseret, atualmente chamado de Simchat Torá (Alegria da Torá). Neste caso, Yeshua teria entrado em aliança com o ETERNO no dia em que as pessoas se regozijam com a Torá. Se outrora o júbilo estava na Torá escrita, agora maior alegria há na Torá Viva, que é Yeshua. Afinal, “a Palavra [ = Torá] se fez carne e habitou entre nós”. A  Palavra  se fez carne  , na  vida e  nas  palavras de Yeshua .Contudo não que houvesse  tido alguma  encarnação, NÃO. Mas   que  Yeshua  foi o pai por  proucuração. Porque o representou  (Yochanan/João 1:14), cumprindo-se a profecia de Baruch:


“Depois disso, apareceu sobre a terra e no meio dos homens conviveu. Ela é o livro dos preceitos de Elohim, a Torá que subsiste para sempre.” (Sefer Baruch 3:38 e 4:1). "personificação"

Baruch havia dito, séculos antes do nascimento de Yeshua, que a Torá seria vista pelos homens e com eles conviveria, donde se conclui que a Torá se manifestaria como um ser humano. À luz do Tanach, “Torá” é sinônimo de “Palavra”. Já que Yochanan (João) tinha este conceito em mente, assim podem ser traduzidas suas escrituras:
No princípio, era a Palavra [a Torá], e a Palavra [a Torá] estava com Elohim, e a Palavra [Torá] era Elohim...( em um sentido "análogo.")
E a Palavra [a Torá] "se fez carne", e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai” (Yochanan/João 1: 1 e 14).



CONCLUSÃO
Quando o texto diz  se fez carne, apenas  apresenta Yeshua ( Jesus)  como  o homem que  D-us  projetou para que  nos fossemos.

E tomara  que   a torah  venha se fazer carne  na  nossa  vida  tambem .  disse  Jesus ;  vos sois a  luz  do mundo.

Celebremos a Festa das Sukot com intensa alegria, pois os dias deste festival nos remetem para:
1) o período em que o ETERNO protegeu nosso povo no deserto durante quarenta anos, sustentando-o com sua graça. Da mesma forma, YHWH continuará habitando conosco para todo o sempre;
2) a lembrança de que somos felizes, ainda que em simples cabanas, porquanto a nossa felicidade está em YHWH, e não no conforto de bens materiais;
3) a Shimchat Torá (Alegria da Torá), que se torna mais intensa por termos a própria Torá Viva, Yeshua HaMashiach, escrita em nossos corações;
4) o bastante provável O nascimento de Yeshua na Chag HaSukot (Festa das Cabanas);
5) o Reinado Messiânico de Yeshua sobre a terra, tal como profetizado por Zecharyah (Zacarias);
6) a nossa grande alegria de participar das Bodas do Cordeiro, durante o Reinado Messiânico, o maravilhoso período de núpcias.
חג שמח)feliz festa de sucot  
shalom

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