domingo, 18 de junho de 2023

Yeshua, o filho biológico de Yosef

Maria e José no mistério do Natal de Jesus - Todo de Maria 
Yeshua, o filho biológico de Yosef

 Neste estudo trataremos de um assunto muito delicado quanto à pessoa de nosso querido Yeshua, o messias salvador e rei de Israel.
     
 Este tema poderá gerar polêmica pelo fato de muitas pessoas absorverem os ensinamentos eclesiásticos sem conferirem devidamente no contexto bíblico geral, se o que lhe foi apresentado realmente condiz com a verdade bíblica, uma vês que não é contraditória.


Princípio básico

       As genealogias bíblicas que chamamos de “árvores genealógicas”, são provenientes da semente do varão. Isto é, do sêmen, por isso a tal árvore genética de um clã (tribo), por exemplo, contava-se através dos homens, varões e não das varoas.
      Para que Yeshua seja o verdadeiro messias, conforme a predição profética é necessário que ele seja filho carnal (descendente) de David, sendo assim, descendente carnal da tribo de Yehudah e consequentemente filho de Yosef (esposo de Miriam), caso contrário, não se cumpre nele o plano messiânico relatado nas profecias, inclusive nos salmos, assim como na Torah.

Genealogia de Mateus

1)- FILHO CARNAL DE YOSEF (JOSÉ):

O texto em destaque abaixo oriundo do grego acostumou a ser traduzido assim:

Mateus 1:16;  “...e a Jacó nasceu José, marido de Maria, da qual nasceu Yeshua, que se chama Mashiach”

Nota: Sempre o Yosef (José) da genealogia de Matityahu (Mt) foi apresentado, como pôde ser visto, como o MARIDO de “Maria” Miriam. A grande questão é que quase por unanimidade entre os estudiosos se diz que o livro de Mateus foi oriundo do hebraico. Na forma aramaica (que é oriundo do hebraico) a palavra GA’BRA, usada na genealogia, pode ser tomada tanto como marido quanto pai.  Os tradutores optaram por traduzir a expressão aramaica GA’BRA calejadamente como esposo em vês de Pai, talvez devido a influencia do Yosef esposo, o que ocasionou uma tremenda contradição na genealogia em Matityahu. É importante salientar o que tudo indica, é que Miriam teve dois “Yosefs” em sua vida. Um todo mundo conhece, o seu esposo, enquanto o outro Yosef era o seu pai, que era xará de seu marido, ambos mal traduzidos como José.  Assim, quando aparece o nome Yosef na genealogia de Matityahu, a expressão aramaica GA’BRA deve ser traduzida como PAI e não ESPOSO. Esta tese é reforçada no verso dezessete com a afirmação de que o Mashiach devia aparecer depois de três sequencias de 14 gerações após Avraham (Abraão):




MT 1:17:  “De sorte que todas as gerações, desde Avraham (Abraão) até David, são catorze gerações; e desde David até a deportação para a Bavel, catorze gerações; e desde a deportação para a Bavel até o Mashiach (Messias), catorze gerações


Sendo assim, 14+14+14 é igual a 42, no entanto, em Mateus temos 14+14+13 sendo o equivalente a 41, faltando uma geração justamente no último bloco, onde aparece a expressão ambígua Ga’bra:
1º BLOCO DE 14
DE AVRAHAM A DAVID.
1º Avraham;
2º Itz’Chak;
3º Ya’akov;
4º Yehudah;
5º Peretz;
6º Hetzron;
7º Ram;
8º Amminadav;
9º Narchshon;
10º Salmom;
11º Bo’az;
12º Ovede;
13º Yshai;
14º David.

2º BLOCO DE 14
DE DAVID A DEPORTAÇÃO PARA BAVEL.
1º Sh’lomon ;
2º Rechavam;
3º Aviyah;
4º Asa;
5º Yehoshafat;
6º Yoram;
7º Uziyahu;
8º Yotam;
9º Achaz;
10º Hizkiyahu;
11º Menasheh;
12º Amon;
13º Yoshiyahu;
14º Y’khanyahu.

3º BLOCO DE 14
EXÍLIO DE BAVEL
1º Sh’altiel;
2º Zerubavel;
3º Avihud;
4º Elyakim;
5º Azur;
6º Tzadik;

7º Yakhin;
8º Elichud;
9º El’azar;
10º Mattan;
11º Ya’akov;
12º Yosef (“esposo”) de Miriam;
13º Yeshua;
14º (?).

Comentário: De fato, se você somar no capítulo um de Matityahu (Mateus), vai encontrar 14 gerações de Avraham a David. De David a deportação babilônica, também dá 14 gerações. O erro grave é que da deportação babilônica até o Mashiach, só dá 13 gerações! Como isso é possível se no verso 17 a afirmação é de 14?


EXPLICAÇÃO: O termo correto seria tomar Yosef como (GA’BRA) pai de Miriam. Yosef era um nome muito popular em Israel e com certeza este era o nome também de seu pai. Por isso, dessa forma, seria contado mais um nas gerações e daria 14, solucionando a imensa contradição! Então as últimas 14 gerações antecedentes à Yeshua são:
 3º BLOCO DE 14
EXÍLIO DE BAVEL

1º Sh’altiel;
2º Zerubavel;
3º Avihud;
4º Elyakim;
5º Azur;
6º Tzadik;
7º Yakhin;
8º Elichud;
9º El’azar;
10º Mattan;
11º Ya’akov;
12º Yosef;
13º Miriam;
14º Yeshua;


Traduzindo corretamente:
Matityahu 1:16;  “...e a Ya’akov nasceu Yosef pai de  Miriam (Maria), da qual nasceu Yeshua, que se chama Mashiach (Ungido)”
      
O incrível é que em apenas três versículos adiante, no verso 19, quando o autor faz referencia ao esposo de Miriam, a palavra usada não foi GA’BRA e sim, BA’lA raiz de BA’AL conotando explicitamente marido, dono! Esta variante parece proposital, pois desta forma, não tem como confundir os “Yosefs”.


“...E como Yosef, seu Ba’la (esposo), era justo...”
Isto implica que a genealogia de Matityahu não é a do esposo de Miriam, mas da própria Miriam a mãe de Yeshua, fazendo de Yeshua descendência direta de David.


Conclusão: Desta forma, a genealogia de Matityahu deixa de pertencer à Yosef e passa a ser de Miriam. Temos a partir daí duas grandes contradições resolvidas.


A PROVA DOS DOIS “YOSEFS”
Em Matityahu (1:16), o pai de Yosef é Ya’akov (Jacó). Em Lucas (3:23), o pai de Yosef é Eli. Isto somente pode ser possível não se tratando das mesmas pessoas.



OUTRA INSERÇÃO DOS COPISTAS
Lucas 3:23;  “Ora, Yeshua, ao começar o seu ministério, tinha cerca de trinta anos; sendo (como se cuidava) filho de Yosef, filho de Eli”
Obs: Existe um pequeno ponto a ser considerado nesta passagem, isto é, nas versões mais antigas encontramos escrito entre parêntesis que Yeshua era filho de Yosef (como se cuidava ou se julgava), porém esta é uma nota particular do tradutor e não está incluída nos textos "originais". Muitos teólogos utilizam-se erroneamente do acréscimo "como se cuidava" para tentarem justificar que Yeshua era filho adotivo de Yosef, porém nem a justificativa e nem o acréscimo estão corretos, pois contradizem a ordem profética  (que Yeshua deriva da Zera (Sêmen/espermatozóide de David).


Confirmação por toda a Bíblia
Lucas 4:22; “E todos lhe davam testemunho, e se admiravam das palavras de graça que saíam da sua boca; e diziam: Este não é filho de Yosef?”
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Yochanan (João) 1:45;  “Felipe achou a Natan’el, e disse-lhe: Acabamos de achar aquele de quem escreveram Mosheh (Moisés) na Torah, e os profetas: Yeshua HaNatiziri, ben Yosef”Yeshua de Nazaré filho de Yosef!


Yochanan (João) 6:42  e perguntavam: Não é Yeshua, o filho de Yosef, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz agora: Desci do céu?
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2)-  O MASHIACH É FILHO CARNAL DE DAVID:



Matityahu 1:1;  “Livro da genealogia de Yeshua  HaMashiach, filho de David, filho de Avraham.


Verso 20  “Eis que em sonho lhe apareceu um anjo do YHWH, dizendo: Yosef, filho de David


Matityahu 9:27; “Partindo Yeshua dali, seguiram-no dois cegos, que clamavam, dizendo: Tem compaixão de nós, Filho de David

12:23;  “E toda a multidão, maravilhada, dizia: É este, porventura, o Filho de David?”

15:22; “E eis que uma mulher cananéia, provinda daquelas cercania, clamava, dizendo: Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim, que minha filha está horrivelmente endemoninhada”

21:9; “E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam, dizendo: Hosana ao Filho de David! bendito o que vem em nome do YHWH! Hosana nas alturas!”

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3)- O MASHIACH É DESCENDENTE DA TRIBO DE YEHUDAH:



Matityahu 1:1;  “Livro da genealogia de Yeshua  HaMashiach, filho de David, filho de Avraham.


Miqueias 5:2;  “Mas tu, Beit-lechem (Belém) Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Yehudah, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”


Confirmação em Matityahu 2:6 “E tu, Beit-lechem (Belém), terra de Yehudá (Judá), de modo nenhum és a menor entre as principais cidades de Yehudahporque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel.


Hebreus 7:14 “Visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Yehudah, tribo da qual Mosheh (Moisés) nada falou acerca de sacerdotes.


Apocalipse 5:5 “E disse-me um dentre os anciãos: Não chores; eis que o Leão da tribo de Yehudah, a raiz (descendência) de David, venceu para abrir o livro e romper os sete selos.
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PROVA PATERNA INCONTESTÁVEL

Romanos 1:1-3 nos confirma que Yeshua é filho de Yosef, descendente de David segundo a carne, vejamos:
“Sha’ul (Paulo), servo do Mashiach Yeshua, chamado para ser Talmid (seguidor), separado para as Boas Novas de YHWH, o qual antes havia prometido pelos seus profetas nas Separadas Escrituras, acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de David segundo a carne,...”


      Se Yeshua é filho carnal de Yosef, descendente carnal de David, da tribo de Yehudah, então conclui-se que a teoria cristã está equivocada, pois o fato do messias ser gerado pela Ruach HaKódesh (Espírito Santo) não indica que ele seja filho de um pai “espiritológico” e de mãe biológica, porém a verdade bíblica contextual nos indica que Yeshua foi gerado por Yosef uma vês cheio da Ruach de Elohim. Se você buscar a literalidade da passagem, verá que há algo de estranho quando diz que: “A sombra de Elohim a cobriu!” Ora, a Ruach (o Espírito) não possui sombra! É evidente que esta sombra se dá por meio de algo físico que no caso podemos deduzir que se chama Yosef.  







Se você estudar as mitologias, em várias delas há sempre a idéia de um salvador com pai divino e mãe humana. No Egito, por exemplo, há a concepção virginal e miraculosa de Ísis Mery. Esta não é a idéia criada por Semíramis, que engravidando de seu sacerdote diz que seu falecido filho/marido Ninrode (que naquela altura tinha sido e aclamado de Baal/Ninrode, o sol) a possuiu e a engravidou de Tamuz (que significa broto/semente)? 

Miriam, a mãe de Yeshua era uma Levita? Vejamos:
"Existiu, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacharyah, da ordem de Abyiah, e cuja mulher era das filhas de Aaron; e o seu nome era Isabel" (Lc. 1:5).

O que significa ser filha de Arão?

      Significa ser descendente de Arão, que era da tribo de Levi. Logo, Isabel era descendente de Levi e não de Judá. Miriam era prima de Isabel:


"E eis que também Isabel, tua prima (de Miriam), concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril" (Lc. 1:36).

      

YESHUA VEIO EM CARNE
Yochanan (João) 4:2 “Nisto conheceis a Ruach (o Espírito) de Elohim: todo espírito que confessa que Yeshua HaMashiach veio em carne é de Elohim”

Yochanan (João) 1:7 “Porque já muitos enganadores saíram pelo mundo, os quais não confessam que Yeshua HaMashiach veio em carne. Tal é o enganador e o anti-Mashiach.


A FALSA TEORIA “100% DEUS 100% HOMEM”
      Existe uma tese por meio da idéia de que sendo Yeshua filho de Miriam e HaShem ao mesmo tempo, logo ele é meio humano e meio divino (um Semi-deus), logo é comum ouvirmos que Yeshua é “100% homem e ao mesmo tempo 100% deus”, no entanto esta concepção vai de encontro as Escrituras e a base que a sustenta: Elohim é Echad (UM!).


“Porque há um só Elohim, e um só Mediador entre Elohim e os homens, o Mashiach Yeshua, homem”  I TM 2:5
     

 Este texto é de suma importância por vários aspectos; Primeiro por fazer distinção entre Elohim e Yeshua, sendo o Pai YHWH Elohim e apenas Ele como tal. Assim também Yeshua seu intermediador para com a humanidade. O segundo ponto importante a se destacar é que Yeshua recebe a enfática: HOMEM, totalmente humano sem variantes para a doutrina de 100% uma coisa e 100% outra. Esta passagem não deixa sombra de dúvidas de que Yeshua não é  o Pai muito menos Elohim, mas homem.


Observação:

       O fato de Yeshua ter sido filho carnal de Yosef e Miriam não implica necessariamente que ele se tornou um pecador por "herdar" o pecado adâmico ou transgrediu a Torah, pois as Escrituras dizem:

“Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado” Salmos 32:2 e Romanos 4:8

“Ele não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano” I Kefah (Pedro) 2:22

A FARSA DO PECADO ORIGINAL
      A doutrina romana e antebíblica sobre o pecado original serve apenas para mascará vários dogmas desta religião. Por exemplo, se você entender o pecado original tal como o primeiro pecado cometido pelo homem, tudo bem. O problema é que o pensamento em torno desta frase traz em seu embrião espiritual, várias heresias como:
a)- Se a Adão foi punido, todos que nascem de sua semente já nascem pecadores por natureza!
Refutação: Cada ser humano recebe a punição pelos seus próprios atos, não pela transgressão de Adam. Ademais dizem as Escrituras: “Todos pecaram e destituídos estão da presença de Elohim” Rm 3:23. “Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um” Tehilim (Salmos) 53:3
b)- As crianças devem receber batismo imediatamente para ser expurgado o pecado original.
Refutação: Com esta desculpa, Roma agregou milhares de fieis. Para que esperar uma pessoa crescer e tomar conhecimento do certo e errado para depois, uma vês de acordo com o cristianismo, decidir se quer ou não se tornar cristão! Com a premissa de que um bebê somente deixa de ser pagão (pagãozinho) se for rapidamente batizado, Roma tira o livre arbítrio do mesmo de decidir sua própria vida impondo de forma covarde uma religião. A verdadeira imersão deve vir em sequencia de um profundo arrependimento e uma busca sincera por teshuvá (retorno à Torah) com a aceitação de Yeshua HaMashiach como oferta voluntária à Elohim para expiação da culpa. 
É claro que um bebê não tem consciência de nada disto, até mesmo que é pecado.



Yeshua livra as criancinhas de todo o pecado original:
Matityahu 19:14:  “Yeshua, porém, disse: Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o reino dos céus”
Nota: Yeshua inocenta os pequeninos claramente de todo jugo romano sobre o pecado original. Por não terem noção do certo e errado, os mesmos não podem ser responsabilizados.
“Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Elohim como criança, de modo algum entrará nele” Lucas 18:17
“Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Yeshua: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de Elohim”  Yochanan (João) 9:2,3 
Nota: Quando Elohim puniu Adam, e de certa forma tudo o que está sobre a face da terra, foi para a manifestação de sua justiça. É comum ouvirmos pessoas reclamando de serem punidas pelo pecado de Adão. Porém é muito raro alguém se queixar de ser beneficiado pelo sofrimento de Yeshua. Elohim puniu a todos em Adam para beneficiar a todos em Yeshua! Que acusação tem Ha’Satan contra isto? Se ousar levantar reclamação pelo fato de uma pessoa ser beneficiada por outra, Elohim terá a justiça a seu lado e poderá dizer: Eu puni a todos em Adão (você não reclamou) agora absorvo tantos quanto quero em Yeshua! Baruch HaShem, nosso justo Juiz!!!!  

 Mediante isto, tenho que destacar um ponto, apesar das crianças nascerem em um mundo caído, tendo que encarar toda a adversidade que antes da queda do homem não existia, mesmo assim todas elas nascem santas, sem pecado algum como ratificou Yeshua dizendo que as mesmas nascem herdeiras do Reino dos Céus! Com tudo isto, posso afirmar que nascemos puros, o mal é algo que se acopla em nós, é algo que vem do exterior, de fora para dentro.  




Conclusão

      Yeshua de forma alguma se torna pecador devido simplesmente por vir da Zera (Semente = Sêmen) de David.  Por parte de Yosef, o pai biológico, Yeshua descende genealogicamente da tribo de David, e isto é crucial, pois a zerá (sêmen) do homem é que define a tribo da criança.

      Qualquer doutrina que não seja atestada pela Tanak (1º Aliança) deve ser taxada como herética! 
Yeshaiahu 8:20  “A Torah (a Lei) e ao Testemunho (Decálogo)! se eles (os profetas) não falarem segundo esta palavra, nunca lhes raiará a alva”
       Na Tanak, o Mashiach tem que proceder da Zera (semente) de David. Este é um fato incontestável! Não podemos conceber uma idéia puramente nova, atípico da profetizada nas Escrituras. “O Novo Testamento” adulterado por Jerônimo a pedido do papa Dâmaso (fato testificado em carta do próprio Jerônimo ao papa, segundo a Editora Paulinas Pg 44), não pode jamais ser tomado como base totalitária para fixar doutrinas. Toda base doutrinária deve proceder da Tanak (1ª Aliança) e não o contrário disso. Assim, qualquer idéia encontrada no “Novo testamento” que não encontra subsídio na Tanak deve ser observada com olhar de dúvidas e um laborioso estudo deve ser feito para se atestar o problema. Muitos pontos não entendidos na segunda Aliança se dão puramente por falta de conhecimento da Tanak, outros pontos são torções e transmutações claras e óbvias do que proferiram os profetas de Israel.


 

quarta-feira, 7 de junho de 2023

O Ovo da Serpente no Seder de Pessach?

 






O Ovo da Serpente no Seder de Pessach?
Nossa história começa na Mesopotâmia, na antiga região de Bavel (Babilônia). Esse é o berço de uma deusa conhecida como a “Rainha dos Céus”. Ishtar era a deusa da fertilidade. Ishtar foi conhecida por diversos nomes, tais como Innana, Oestre, Asherah, e tendo inspirado outras deusas da mitologia de outros povos tais como Afrodite e Isis. A quantidade de culturas que a veneravam atesta para sua grande popularidade. O culto a Ishtar teve sua origem na região da Babilônia nos tempos primitivos, tendo sido adorada através de diversos templos e santuários nas regiões em torno do Tigre e do Eufrates. A popularidade de Ishtar se explica pelo fato de ser considerada a deusa da fertilidade, o que em sociedades agrárias representava muito.
 A Mitologia de Ishta 

Na mitologia Babilônia, Ishtar teve muitos amantes, mas um em particular era pranteado por seu destino trágico: Tamuz (também conhecido como Dumuzi), o deus da colheita. Segundo os relatos encontrados nas tábuas sumérias e acadianas, tais como o texto “O Cortejo de Innana e Dumuzi”, Ishtar teria descido ao mundo dos mortos para tentar usurpar o trono de sua irmã- gêmea. Para adentrar o local, precisou passar por 7 portões, deixando uma peça de roupa em cada. Ao chegar à sala do trono, estava completamente nua. Mesmo assim, assentou-se no trono. Sua arrogância teria despertado a ira dos demais deuses babilônios, que a teriam matado. Ishtar teria enviado Tamuz juntamente com seus próprios demônios para pedir ajuda a alguns deuses. Porém, para ser livrada da morte, apontou Tamuz para morrer em seu lugar. Desde que teria roubado as chamadas tábuas do destino, Ishtar tornou-se conhecida como a “Rainha dos Céus”. Desse título deriva o nome Innana, que J. Gelb em sua obra “The Name of the Goddess Innin” aponta como sendo derivado de “Nin Anna”, que significaria em acadiano “senhora do céu”. Ishtar/Innana era também a filha de Sin, antigo deus-lua da região da mesopotâmia. Seu nascimento estaria associado à lua cheia, que igualmente simbolizava a fertilidade. Afinal, a lua cheia representava o momento da abundância lunar, e a lua tinha papel importante na agricultura. Por ser a deusa da fertilidade, era portanto celebrada especialmente na primeira lua cheia da primavera.

A Deusa-Meretriz 

O culto a Ishtar continha em seu cerne atos de prostituição ritual. Pois, a partir da sua posição enquanto deusa da fertilidade, Ishtar também governava sobre o sexo, isto é, sobre a fertilidade humana. Ishtar/Innana, era portanto conhecida como “a meretriz”, embora o termo não fosse considerado pejorativo entre seus seguidores. Ao lado, a figura de um vaso de cerca de 4 mil anos, exposto no Louvre, ilustra o aspecto de meretriz através da grande ênfase no triângulo genital da imagem. Um dos hinos a Ishtar/Innana, recuperados entre os manuscritos sumérios, o “Hino a Innana como Ninegala”, diz o seguinte: 
“Quando os servos soltam os rebanhos, e quando o gado e as

ovelhas retornam ao curral e ao aprisco, então, minha senhora, como os pobres sem nome, tu vestes uma única vestimenta. As pérolas de uma meretriz são colocadas em volta de teu pescoço, e é provável que captures um homem da taverna”. 

O Ovo e o Nascimento de Ishtar 

Um dos principais símbolos da adoração à deusa Ishtar está no uso litúrgico do ovo. O ovo era considerado na religião babilônia como sendo um símbolo de fertilidade. 
A história mitológica do nascimento de Ishtar é o que a une ao uso litúrgico do ovo pode ainda ser encontrada na mitologia síria, na qual Ishtar era conhecida

como Ashtarte. Um texto romano de cerca do século 2 ou 3 DC, erroneamente atribuído ao historiador Higino, narra o tema da seguinte forma: “No rio Eufrates, um ovo de maravilhoso tamanho é dito ter caído, o qual foi rolado para a margem pelos peixes. Pombas se assentaram sobre ele e, quando se aqueceu, chocou Ashtarte, que foi posteriormente chamada de 'A Deusa Síria'. Uma vez que ela excedeu em justiça e retidão, por razão de um favor concedido por Zeus, os peixes foram contados com as estrelas, e por causa disso os sírios não comem peixe ou pombas, considerando que são deuses”.

 A partir dessa história mitológica, o ovo tornou- se um dos símbolos da deusa Ishtar, passando a ser usado de forma litúrgica em sua adoração. Além de fazerm parte de refeições litúrgicas, os ovos eram decorados com motivos religiosos e arte abstrata, sendo usados como enfeites decorativos. Até hoje, a Pérsia e o Irã retêm o costume de pintar ovos como comemoração ao “Norouz”, que é o ano novo do Zoroastrismo. Ao lado, um exemplo dessa tradição: Onde quer que houvesse influência do culto a Ishtar, o ovo estava presente como parte da comemoração de festas da primavera. O ovo sobre as águas também passou a figurar como uma alegoria mitológica à própria criação do mundo. Ao lado, um exemplo na cultura egípcia do “ovo mundano”. O ovo é reverenciado sobre a Ankh, símbolo que representa a união entre Isis e Osíris. Abaixo, duas imagens clássicas, do livro “Mythology” vol. 3 de Bryant, mostram à esquerda o Ovo de Heliópolis, a cidade egípcia do deus-sol. Esse ovo tem sobre si a figura do crescente visível, associado à adoração do deus-lua Sin, pai de Ishtar/Innana. À direita, o Ovo de Tifon, da mitologia grega – que ilustra sua associação com Afrodite, a contraparte grega de Ishtar.
Israel e Ishtar nos Tempos Antigos 

Considerando que o culto à deusa Ishtar é bastante primitivo e difundido, a relação entre Israel e Ishtar começou bastante cedo. Sobre isso, a Enciclopédia Judaica afirma: “Astarte é o nome fenício de uma deusa-mãe semita primitiva, da qual as mais importantes divindades semitas se desenvolveram. Ela era conhecida na Arábia como “Athtar”, e na Babilônia como “Ishtar”. Seu nome aparece no Antigo Testamento (Melachim Alef/1 Reis 11:5; Melachim Beit/2 Reis 23:13) como “Ashtoret”, uma distorção de “Ashtart”, feita a partir da analogia de “Boshet” (compare com Jastrow, em “Jour. Bibl. Lit.” 13:28, nota). Shlomo (Salomão) teria erguido um lugar alto para ela próximo a Yerushalayim (Jerusalém), o qual teria sido removido durante a reforma de Yoshiyahu/Josias (Melachim Alef/1 Reis 11:5,33; Melachim Beit/2 Reis 23:12). Astarte é chamada nessas passagens de “a abominação dos sidônios” porque, como as inscrições de Tabnith e Eshmunazer mostram, ela era a principal divindade daquela cidade (vide Hoffmann, “Phönizische Inschriften,” 57, e “C. I. S.” No. 3). Em países fenícios, ela era a contraparte feminina de Ba'al, e certamente foi adorada com ele pelos hebreus, os quais em alguns momentos se tornaram seus devotos. Isto é provado pelo fato de que Ba'alim e Ashtarot são usados diversas vezes (Shoftim/Juízes 10:6; Sh'muel Alef/1 Samuel 7:4 e 12:10)..”.

De fato, isso aparece bem cedo nas Escrituras: “Tornaram os filhos de Israel a fazer o que era mau perante YHWH e serviram aos ba’alim, e a Ashtoret, e aos deuses da Síria, e aos de Sidom, de Moabe, dos filhos de Amom e dos filisteus; deixaram YHWH e não o serviram.” (Shoftim/Juízes 10:6) Podemos perceber, portanto, desde cedo que os israelitas começaram a seguir a Ishtar, e que isso foi considerado abominação por Elohim. Até mesmo Shlomo (Salomão) caiu em tal pecado: Shlomo seguiu a Ashtoret, deusa dos sidônios, e a Milcom, abominação dos amonitas.” (Melachim Alef/1 Reis 11:5) Todavia, após a reforma realizada por Yoshiyahu (Josias), conforme a própria Enciclopédia Judaica afirma, o povo voltou para as práticas bíblicas, para a fé em Elohim, e deixou a abominação de lado, pelo menos temporariamente: O rei profanou também os altos que estavam defronte de Yerushalayim, à mão direita do monte da Destruição, os quais edificara Shlomo, rei de Israel, para Ashtoret, abominação dos sidônios, e para Quemos, abominação dos moabitas, e para Milcom, abominação dos filhos de Amom.” (Melachim Beit/2 Reis 23:12) Porém, o povo de Yehudá (Judá) voltaria a adorar Ishtar após o seu retorno do exílio de Bavel (Babilônia). Essa adoração foi novamente denunciada, dessa vez pelos nevi’im (profetas), conforme a Enciclopédia Judaica afirma: “Yirmiyahu/Jeremias (7:18; 44:17,18) e Yehezkel/Ezequiel (8:14) atestam para várias formas dessa adoração [a Ishtar] em seu tempo, a qual pode se referir a uma importação direta da Babilônia. O uso sacrificial de sangue de porco (Isa. 65:4 e 66:3) podem ser uma referência a esse tipo de culto similar ao que é conhecido no Chipre, onde porcos eram sacrificados a Astarte (“Jour. Bibl. Lit.” 10:74 e “Hebraica,” 10:45,47)” De fato, Yirmiyahu (Jeremias) denuncia a prática, ao afirmar: “Acaso, não vês tu o que andam fazendo nas cidades de Yehudá e nas ruas de Yerushalayim? Os filhos apanham a lenha, os pais acendem o fogo, e as mulheres amassam a farinha, para se fazerem bolos à Rainha dos Céus; e oferecem libações a outros deuses, para me provocarem à ira.” (Yirmiyahu/Jeremias 7:18) Yehezkel cita ainda a prática de adoração ao consorte de Ishtar, Tamuz: “Levou-me à entrada da porta da Casa de YHWH, que está no lado norte, e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando a Tamuz.” (Yehezkel/Ezequiel 8:14) 
O Retorno às Práticas Babilônias 
Algum tempo depois do exílio, algumas seitas judaicas, por razões de perseguição religiosa e tentativa de domínio sobre a vida eclesiástica do povo de Israel, passaram a seguir o calendário babilônio que, à época, fora popularizado pelos siro- fenícios como um calendário internacional. Á época, eram muito raros os calendários inteiramente civis, o que significava que os calendários estavam profundamente associados às práticas religiosas. E o calendário babilônio não era diferente. Assim como costumes associados ao ano-novo babilônio, conhecido como festival do de Akitu, foram incorporados pelo Judaísmo, o mesmo ocorreu com alguns costumes da festa da fertilidade de Ishtar. Um deles, pode- se dizer, a celebração do Pessach associada à lua cheia. Para maiores informações sobre a controvérsia calêndrica em Israel, bem como sobre a adoção do calendário babilônio por parte de alguns segmentos do Judaísmo, vide nossa série de estudos sobre o calendário.

Ishtar à mesa de Elohim 

Outra influência que pode ser observada no Judaísmo Ortodoxo é a presença do ovo de Ishtar no Seder (“jantar”, na realidade “serviço” ou “ordem”) de Pessach! A figura abaixo mostra um tradicional prato de Pesach (a “Páscoa” judaica) contendo os elementos que são usados no ritual litúrgico: Podemos observar os seguintes elementos: Ervas amargas, conforme indicado em Shemot (Êxodo) 12:8 

Vegetais, simbolizando as primícias da época da primavera, que remontam a Vayicrá (Levítico) 23:10 

O osso chamuscado do cordeiro – embora para muitos seguidores de Yeshua esse rito não seja realizado, podemos ainda dizer que tem relação com o Corban Pessach (sacrifício de Pessach), que era um cordeiro .

 O ovo da deusa Ishtar! Será coincidência a presença de um ovo, que não tem absolutamente nada a ver com a narrativa bíblica da saída de Mitsrayim (Egito) mas que tem tudo a ver com a festa da fertilidade de primavera da deusa Ishtar, estar presente numa festa cuja época se encaixa com tal festa pagã? As explicações para a presença desse verdadeiro ovo de serpente no seder judaico são as mais variadas. Explicações extraoficiais tais como “a sorte gira” ou “o ovo simboliza a vida” (faltou ressaltar que simboliza a vida em culturas pagãs), são dadas das formas mais variadas e inusitadas. Mas fato é que esse embaraço permanece contaminando as mesas judaicas até os dias de hoje, e ninguém sabe explicar como lá apareceu. A explicação “oficial” do Judaísmo é dada por Shaina B. Lipskier, que afirma o seguinte: “Os dois simbolismos do ovo não devem ser confundidos: Ele é 'exibido' no prato do Seder para comemorar a oferta de chaguigá [oferta festiva]. Ele é “comido” antes da refeição como sinal de pranto”. Ora, a oferta a que Shaina B. Lipskier se refere seria supostamente uma oferta “adicional” oferecida juntamente com o Corban Pessach (sacrifício de Pessach), que era comida como “entrada” para o corban pessach. Só existe um pequeno detalhe: A Torá jamais menciona tal oferta. E, ainda assim, seria estranho imaginar que um ovo (mesmo cozido ou assado) faria alusão a uma oferta queimada. E mais estranho ainda que o ovo simbolizasse o luto.

Na realidade, a oferta adicional existe, e o luto também. A oferta é feita à deusa Ishtar, e o luto é todo de Elohim, que mais uma vez vê o seu povo absorver costumes de Bavel (Babilônia), contrariando a Sua Torá, que afirma: “E não andeis nos costumes das nações que eu expulso de diante de vós, porque fizeram todas estas coisas; portanto fui enfadado deles.” (Vayicrá/Levítico 20:23) Yeshua advertiu os líderes do povo ao dizer: “Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem.” (Matitiyahu/Mateus 15:9) 

Conclusão :
Devemos tomar muito cuidado com a idolatria a tudo o que é judaico. Nem tudo o que reluz é ouro, como diz o ditado popular. Elohim nos chamou e nos determinou especificamente que deixássemos o sistema religioso de Bavel (Babilônia). Todavia, existe ainda muito pouco cuidado por parte dos israelitas no que diz respeito à pesquisa das origens do que está por detrás das práticas do Judaísmo Rabínico. Muitas práticas pagãs, babilônias e de outras religiões, foram incorporadas ao longo dos séculos, e é preciso analisá-las à luz da Bíblia. Ao participar do Pessach, não o façamos de forma leviana, mas sim entendendo que temos a responsabilidade de nos atermos à pureza da fé bíblica. Assim como Sha’ul (Paulo) nos afirma que Belial não tem parte com a Casa de Elohim, da mesma forma o ovo da serpente, um dos ícones da deusa-meretriz, não deve ter parte da mesa de Elohim.

Shalom



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