terça-feira, 18 de outubro de 2016

Você Realmente Sabe Quem Foi Yeshua?

    



Voce  sabe de fato , quem foi Yeshua ??







Parte I
Yeshua, o Judeu

I.1 - INTRODUÇÃO

Se alguém te perguntar quem é Paul McCartney você saberia responder?

Creio que a grande maioria saberia dizer que era um dos integrante dos Beatles. Outros lembrariam que ele mora na Inglaterra, outros ainda que ele foi casado com Linda McCartney. A grande maioria das pessoas pouco sabe sobre os detalhes da vida dele. Mas, se você perguntasse isto a um membro de um fãclube dos Beatles? Você provavelmente esperaria que eles conhecessem muitas coisas a respeito do Paul
McCartney.

Agora, se alguém te perguntasse o que você sabe sobre quem foi Yeshua? Como ele viveu? A que grupos sociais ele pertencia? Entre outras… Infelizmente, a realidade é que muitos dos que se dizem seguidores dele mal o conhecem! E você, realmente sabe quem foi Yeshua? Esta série de artigos tem por objetivo justamente isto: contar um pouco mais sobre Yeshua e a vida que ele levava.

I.2 – PODEMOS CUSTOMIZAR O MESSIAS?

Uma das grandes mentiras que a "Nova Era" propaga entre os povos é a idéia de que o Eterno pode ser do jeito que você desejar que Ele seja. É como um verdadeiro supermercado espiritual onde as pessoas escolhem aquilo no que crer. Infelizmente, muitos dos ditos seguidores de Yeshua fazem o mesmo com ele, às vezes até mesmo sem perceber. O Yeshua que é apresentado nos Evangelhos não é uma pessoa mística
que se enquadra a qualquer gosto. Yeshua nasceu, cresceu, viveu e pregou entre judeus. Fez discípulos judeus, que o descreveram nos livros do B'rit Chadashah (Novo Testamento) dentro de uma ótica judaica. Se o removemos de Seu contexto judaico, jamais o entenderemos de fato.

O movimento iniciado por Yeshua cresceu tanto que hoje é encontrado em cada tribo e nação do planeta. Tal fé rompeu todas as barreiras culturais e sociais. Em Yeshua, a mensagem do Eterno é para todos, a salvação é para todos, e não há divisões étnicas ou barreiras raciais. Contudo, o centro da fé bíblica é Yeshua, e Yeshua é um judeu.

I.3 – O NASCIMENTO DE UM JUDEU CHAMADO YESHUA

Ele nasceu de uma mãe judia e pai judeu, e pertenceu a uma típica família judaica. Como todo filho homem judeu, fez o seu B'rit Milá, ou seja, foi circuncidado ao oitavo dia. De acordo com a tradição judaica, recebeu o seu nome no dia em que foi circuncidado, como os judeus o fazem até hoje. Ele recebeu o nome de Yeshua.

O nome foi dado porque Yeshua significa "salvação". Yeshua recebeu a missão de salvar o Seu povo de todos os seus pecados. Pergunta: Yeshua falhou em tal missão? Espero que ninguém responda que sim! Se Yeshua não falhou, porque ainda há pessoas que insistem em dizer que os judeus não serão salvos? O povo de Yeshua descende de Avraham (Abraão), Itschak (Isaque) e Ya'akov (Jacó). O povo de Yeshua é o povo
judeu.

I.4 – A VIDA COMUNITÁRIA DE YESHUA

Yeshua foi criado como judeu numa comunidade que seria equivalente ao que é hoje uma
comunidade judaico-ortodoxa. Você conhece uma comunidade judaico-ortodoxa? Não? Sem ao menos sabermos como é, jamais entenderemos a Yeshua plenamente.

Natseret (Nazaré), cidade onde Ele cresceu, foi fundada pelos descendentes do Rei David, e ficava na Galiléia, uma região totalmente judaica. Você conhece a história da Galiléia, berço de nosso Salvador? Pois é, pouco se conta nas igrejas que a Galiléia era um dos maiores centros de estudos judaicos de Israel naquela época. Yeshua não simplesmente "nasceu sabendo" tudo o que ele sabia.  Não foi por acaso que o Pai o colocou naquele local. Yeshua aprendeu de perto com alguns dos maiores rabinos daquela época. Você sabia que muitos de seus ensinamentos são citações de tais rabinos? Pois é, caro leitor, como você pode ver, sem conhecermos o trabalho de tal rabino, como compreender a educação que teve nosso Messias? Yeshua foi educado como um parush (fariseu).

Certamente que tal educação influenciou suas disputas teológicas com algumas escolas farisaicas. Ao contrário do que muitos crêem, Yeshua não era contra TODOS os fariseus, mas tinha disputas sérias com os p'rushim (fariseus) da escola de Shamai, que eram extremamente legalistas.

Sua vida na comunidade judaica foi absolutamente normal. Conforme o costume judaico, ele observava todas as festas bíblicas, e buscava ao Pai no Shabat, o dia que o Eterno desde a fundação do mundo estabeleceu como Seu dia.

I.5 – A ALIMENTAÇÃO DE YESHUA

Yeshua tinha uma saudável alimentação kasher, segundo a Torá em Vayikra (Levítico) 11. Isto significa que carnes como a de porco, coelho, répteis, camarão, etc., além de boa parte da gordura animal, não faziam parte da sua dieta. Durante o Pessach (a "páscoa" judaica), Yeshua como todo bom judeu comia apenas pães sem fermento. Yeshua também jejuava no Yom Kippur, o conhecido Dia da Expiação, quando o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) oferecia sacrifício pela expiação do pecado do povo.

I.6 – COMO YESHUA SE VESTIA?

Yeshua se vestia como judeu. Isto significa que não misturava lã com linho, conforme determinação da Torá. Yeshua certamente usava talit, o sagrado manto de oração que contém os tsitsit, que são as franjas que a Torá determina que usemos para nos lembrarmos de que devemos viver segundo os preceitos do Eterno. Os tsitsiyot de Yeshua possuiam um fio azul, que simboliza o caminho de safira descrito em Shemot
(Êxodo) 24:10, ou seja o caminho do Eterno. Foi justamente nos tsitsit de Yeshua que a mulher que tinha fluxo de sangue tocou e foi curada. Não foi um simples ato de tocar em Yeshua. Tocar nos tsitsit significava que ela reconhecia nEle a autoridade de Messias.

Yeshua também usava t'filim, popularmente conhecidos como filactérios. Os t'filim têm como objetivo simbolizar que as leis do Eterno estão presentes em nossa mente (por isso é atado entre os olhos) e em nossos atos (na mão). A Torá do Eterno nos guarda para que não pequemos em nossa mente nem em nossos atos.

I.7 – YESHUA E A SINAGOGA

No Shabat, pela manhã, Yeshua ia à sinagoga. Ao contrário de muitos hoje em dia que fazem tudo por um microfone, Yeshua sabia que antes de poder falar e questionar, era necessário aprender. Provavelmente, como era de costume, aos cinco anos Yeshua começou a aprender a o hebraico (sua língua nativa era o aramaico) e a estudar a Torá do Eterno. Por volta dos 13 anos, Yeshua provavelmente fez o seu
Bar Mitsvá, uma cerimônia que marca a passagem da criança para a vida adulta. Como todo judeu, aos 13 anos Yeshua tinha que saber de cor toda a Torá.

Fica a pergunta: nós que nos dizemos seguidores dele, quanto das Escrituras sabem nossos filhos aos 13 anos? Será que nós sabemos hoje tanto quanto um menino judeu sabia no tempo de Yeshua? Como teremos uma fé sólida sem conhecermos as escrituras.

No Shabat, Yeshua não só aprendia a Torá como recitava bênçãos. Estas bênçãos não são como nas igrejas pós-modernas. Não visavam prosperidade, mas sim darmos o devido reconhecimento ao Eterno da soberania dEle sobre nossas vidas. Ao declararmos Sua majestade, fortalecemos nossa fé. Ao fortalecermos nossa fé, nossa vida espiritual melhora. Com a vida espiritual melhor, somos mais felizes, mais preparados e
nos sentimos mais próximos ao Eterno. O menino Yeshua sabia disto ao ler o Sidur (livro de bênçãos) a cada Shabat. Após sua maioridade, Yeshua também passou a participar da leitura do Tanach. É tradição judaica até hoje ler-se muito os textos sagrados no Shabat. Foi desta forma que Yeshua pôde ler o rolo de Yesha'yahu
(Isaías) e declarar que Ele era o seu cumprimento. Yeshua sempre argumentava a partir das Escrituras, expondo-as perante o questionador (uma técnica rabínica).

Ao final do Shabat, Yeshua participava do Kidush, que é o animado partir do pão onde damos graças ao Eterno pelas provisões semanais. Os discípulos de Yeshua mantiveram esta prática após os serviços, tanto que é mencionado o partir do pão diversas vezes no livro de Atos.

I.8 – YESHUA SE TORNA UM RABINO

Yeshua tornou-se um respeitado rabino. Para alguém se tornar um rabino, é necessário (até hoje) muito estudo. Este foi certamente um dos motivos (ou talvez "o" motivo) de Seu ministério só ter se iniciado por volta dos 30 anos. Ele ensinava a partir do Tanach (Tanach significa: Torá, Nevi'im / Profetas, e Ketuvim/ Escritos). Ao contrário do que aparece nos filmes, a grande maioria dos discípulos de um rabino eram meninos, bastante jovens. Com Yeshua não era diferente. Vemos até mesmo pela idade em que morreram que os discípulos de Yeshua tinham entre 13 e 20 anos, no máximo. Eram meninos inexperientes.

Ao contrário da nossa cultura, onde vamos à escola por 4-5 horas e voltamos para casa, um discípulo no judaísmo vivia com o seu rabino. Com os discípulos de Yeshua não era diferente. Eles não desviavam os olhos de Yeshua um minuto sequer. Será que somos assim?

I.9 – YESHUA: ETERNAMENTE JUDEU

Infelizmente, ao longo dos séculos, a figura de Yeshua transformou-se no "Jesus anti-semita" que encontramos primeiro na igreja de Roma, mas que depois foi herdada por muitas outras igrejas. A teologia anti-judaica e a premissa de que não é importante vivermos conforme as leis do Eterno nada tinha de semelhante com a pregação do rabino Yeshua, um grande judeu que viveu o pleno cumprimento da Torá.

Yeshua é um judeu, viveu como judeu, morreu como judeu, e de acordo com Ezequiel, continuará a ser o Sumo Sacerdote segundo a ordem de Malki Tsedek, oficiando no Templo (judaico) de Yerushalayim(Jerusalém).

Tão precioso sangue de Yeshua, derramado por nossos pecados no madeiro, era sangue judeu. E a placa acima de seu madeiro dizia: "Yeshua de Natseret, Rei dos Judeus"

Parte II
Com Quem Yeshua Estudou

II.1 – ONDE ESTUDOU YESHUA?

Segundo a tradição judaica, o Messias deveria ensinar ao povo a correta interpretação da Palavra do Eterno. E foi isto que Yeshua fez. Para isto, antes de começar o seu ministério, Yeshua foi um aluno bastante aplicado.

Yeshua demonstrou grande familiaridade tanto com a linha dos essênios (com a qual teve contato através de seu primo Yochanan Bar Zachariá, popularmente conhecido como "João Batista") quanto com a linha rabínica da escola de Hillel.

Mas seu conhecimento não se limitava às tais linhas. Yeshua, antes de mais nada, conhecia profundamente as Escrituras e a sabedoria judaica.

II.2 - PARALELOS ENTRE YESHUA E A ESCOLA DE HILLEL

Os ensinamentos de Yeshua se assemelharam muito com a linha da escola de Hillel (embora houvesse alguns itens de discordância, como questão do divórcio por exemplo). Hillel, que viveu pouco tempo antes de Yeshua, foi um dos maiores judeus de toda a história, um grande rabino.

Veja o impressionante paralelo entre os ensinamentos de Yeshua e Escola de Hillel:

1) A Escola de Hillel disse: "se alguém busca te fazer o mal, farás bem em orar por ele" (Testamento de Yossef XVIII.2)

Yeshua disse: "Eu vos digo ainda: Amai aos inimigos de vocês, e orai pelos que vos perseguem;" - Matitiyahu (Mateus) 5:44

2) Em Menahot 4, no Talmud, encontramos o Rabino Shamai querendo fazer tsitsit mais largos do que os seguidores da Escola de Hillel (Menahot 4)

Yeshua disse: "Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam as tiras dos seus tefilin, e aumentam os tsitsiyot dos seus mantos;" – Matitiyahu (Mateus) 23:5

3) A Escola de Hillel disse: "Se o mundo inteiro estivesse reunido para destruir o yud, que é menor letra da Torá, eles não seriam bem sucedidos" (Canticles Rabá 5.11; Leviticus Rabá 19). "Nenhuma letra da Torá jamais será abolida" (Exodus Rabá 6.1).

Yeshua disse: "17 Não penseis que vim abolir a Torá ou os profetas; não vim abolir, mas cumprir. 18 Amen, e eu vos digo pois que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da Torá um só Yud ou um só traço, até que tudo seja cumprido." – Matitiyahu (Mateus) 5:17-18

4) A Escola de Hillel disse: "Aquele que é misericordioso para com os outros receberá misericórida do Céu" (Talmud - Shabat 151b; - compare com);

Yeshua disse: "Benditos os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia." - Matitiyahu (Mateus) 5:7 )

5) A Escola de Hillel disse: "Eles falam 'Remova o cisco do seu olho?' Ele retrucará, 'Remova trave do seu próprio olho" (Talmud - Baba Bathra 15b).
Yeshua disse: "E por que vês o cisco no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho?" – Matitiyahu (Mateus 7:3)

6) A Escola de Hillel disse: "É lícito violar um Shabat para que muitos outros possam ser observados; as leis foram dadas para que o homem vivesse por elas, não para que o homem morresse por elas." Todas as seguintes coisas eram lícitas no Shabat, segundo a escola de Hillel (os p'rushim que debatiam com Yeshua certamente eram da escola de Shamai): salvar vidas, aliviar dores agudas, curar picadas de
cobra, e cozinhar para os doentes (Shabat 18.3; Tosefta Shabat 15.14; Yoma 84b; Tosefta Yoma 84.15)

Yeshua disse:"Então lhes perguntou: É lícito no Shabat fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida ou matar? Eles, porém, se calaram." – Marcus 3:4

7) "o Shabat foi feito para o homem, e não o homem para o Shabat," também aparece em material rabínico (Mekilta 103b, Yoma 85b). Além disto, os Rabinos da escola de Hillel frequentemente citavam Hoshea (Oséias) 6:6 para argumentar que ajudar os outros era mais importante do que observar ritos e costumes (Suká 49b, Deuteronomy Raba em 16:18, etc.),

Yeshua disse:"E prosseguiu: O Shabat foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do Shabat." – Marcus 2:27

8) A respeito dos exageros nos rituais de purificação, um rabino da escola de Hillel, Yohanan ben Zakai, contemporâneo de Yeshua, disse: "Na vida não são os mortos que te fazem impuros; nem é a água, disse: "Na vida não são os mortos que te fazem impuros; nem é a água, mas a ordenança do Rei dos Reis, que purifica." - compare com o relato de Marcus 7

9) Os rabinos da escola de Hillel também eram partidários da tese de que é pela graça do Eterno que somos salvos, e não por mérito de obras: "Talvez Tu tenhas grande prazer em nossas boas obras? Mérito e boas obras não temos; aja para conosco em graça." (Tehillim Rabá, on 119,123)

10) A Escola de Hillel também teve disputas com Saduceus a respeito da questão da ressurreição dos mortos. Veja o que o rabino Gamaliel, neto de Hillel e contemporâneo de Yeshua, disse, referindo os Saduceus a Devarim (Deuteronômio) 11:21 ou Shemot (Êxodo) 6:4, ". a terra que YHWH jurou dar aos seus pais”,o argumento é lógico e convincente: “os mortos não podem receber, mas eles viverão novamente para
receber a terra” (Talmud – Sanhedrin 90b)

Yeshua disse: “Mas que os mortos hão de ressurgir, o próprio Moshe o mostrou na passagem a respeito da sarça, quando chama a YHWH: Elohim de Avraham, e Elohim de Yits’chak e Elohim de Ya’akov. Ora, ele não é Elohim de mortos, mas de vivos; porque araEle todos vivem.” Lc 20:37-38

11) O rabino Yochanan ben Zakai também conta parábola semelhante à de Yeshua, a respeito de convidados de um rei para o banquete Messiânico, ao comentar Yesha'yahu(Isaías) 65:13 e Eclesiastes 9:8(vide Talmud – Shabat 153a).

12) O próprio Hillel disse: "Sejam discípulos de Aaron, amando a paz e perseguindo a paz, amando as pessoas e as trazendo para perto da Torá" (m.Avot 1:12)

Yeshua disse: "9 Benditos os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Elohim." Matitiyahu (Mateus) 5:9 "Uma nova mitsvá vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros." Yochanan (João) 13:34

13) A "Regra de Ouro" de Hillel: "...e [Hillel] disse a ele "Não faça aos outros o que não deseja que façam a você: esta é toda a Torá, enquanto o resto é comentário disto; vai e aprende isto." (b.Shab. 31a)

Esta regra, que era a base de todo talmid (discípulo) da escola de Hillel, é citada explicitamente por Yeshua em: "Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a Torá e os profetas." – Matitiyahu (Mateus) 7:12

II.3 - PARALELOS ENTRE YESHUA E OS ESSÊNIOS


Yeshua também demonstrou grande familiaridade com a teologia dos essênios, a qual muito provavelmente aprendeu com Yochanan, seu primo (o qual pouca gente ousaria discordar do fato de que pertenceu ao segmento dos essênios)

1)Os essênios promoviam a unidade (Yachad) em amor. (Philo; A Hipotética 11:2)
Yeshua disse: "para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste." – Yochanan (João) 17:21

2) Os essênios estabeleciam um conselho de 12 para direcionar a comunidade (1Q58:1). Compare isto com a autoridade dada a Yeshua para os 12 talmidim (discípulos), a fim de que eles pudessem gerenciar o povo.

3) Os essênios eram frontalmente contra juramentos (Documento de Damasco - Geniza A; Col. 15; Linhas 1-3) – compare com Matitiyahu (Mateus) 5:33-37

4) Sobre as viagens dos essênios para pregarem a Palavra do Eterno, veja o que diz o historiador Flavius Josefus: "...e se alguém do segmento deles vem de outros lugares, o que eles têm permanece aberto a eles, como se fossem um deles... como se fossem conhecidos deles de muito tempo. Por esta razão eles não levam nada consigo quando viajam a lugares remotos, apesar de ainda levarem suas armas, por medo de
ladrões.Da mesma forma, existe em cada cidade onde eles vivem, alguém com a atribuição particular de cuidar dos estranhos, e prover roupas e outras necessidades para eles." (Josephus; Guerras 2:8:4) – compare com Matitiyahu (Mateus) 10:9-11 e Lucas 22:38

5) A questão do divórcio:

"... eles são pegos em duas armadilhas: fornicação, por pegarem duas esposas ao longo de suas vidas apesar do princípio da criação ser: "macho e fêmea Ele os criou." (Documento de Damasco - Col. 4 - linha 20 a Col. 5 - linha 1)

Yeshua disse: "Respondeu-lhe Yeshua: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher, e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne? Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Elohim ajuntou, não o separe o homem." – Matitiyahu (Mateus) 19:4-6

6) A Halacha sobre a questão de "Korban" (uma oferta) ser usada como desculpa para violar a Torá(vide Matitiyahu / Mateus 15:1-8) – é encontrada de forma similar entre os essênios (Documento de Damasco 16:13)

7) No capítulo 4 de Yochanan (João) encontramos a alegoria da "Água Viva" saindo do poço de Ya'akov (Jacó) e trazendo a salvação e a vida eterna. No Manual de Disciplina dos essênios, a lição da "água viva" é encontrada e retirada simbolicamente do poço de Bamidbar (N meros) 21:8, identificado pelo
pergaminho como sendo a Torá. Podemos concluir que Yochanan (João) 4 é uma Midrash (interpretação alegórica), baseada num conceito existente entre os essênios naquela época, para concluir que Yeshua é a Torah Viva, nossa fonte de vida eterna (Compare Yochanan / João 4:10 e Documento de Damasco VI, 4-5; VII, 9 - VII, 21).

8) O uso do Seder de Pessach (a ceia da "Páscoa Judaica") como sendo um banquete messiânico, também era um conceito essênio (Josephus - Guerras 2:8:5; Manual de Disciplina 6:3-6 e 1QSa. 2, 17-21)

9) O conceito de serem 'Bnei Or' (Filhos da Luz - compare Lucas 16:8 e Yochanan / João 12:36 com Manual de Disciplina 1,9: 2,24; 1QM)

10) Yeshua conhecia bem o Messias esperado pelos essênios. Veja a explicação que ele deu a Yochanan Bar Zachariá (João Batista) em Lucas 7:22: "Então lhes respondeu: Ide, e contai a Yochanan o que tens visto e ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres são anunciadas as Boas Novas."

Agora compare com o critério do Messias esperado pelos essênios:

"[os céus] e a terra ouvirão ao Seu Messias, e ninguém se afastará dos mandamentos dos santos.

Vocês que buscam ao S-NHOR, fortaleçam-se no serviço dEle! Todos vocês esperançosos em (seu) coração, vocês não encontrarão o S-NHOR nisto? Porque o S-NHOR considerará os hassidim (pios) e chamará os justos pelo nome. Sobre os pobres o Seu espírito pairará e renovará os fiéis com o Seu poder. E Ele glorificará os hassidim (pios) no trono do Reino Eterno. Ele que libera os cativos, restaura a visão dos cegos, endireita os [tortos]... E o S-nhor fará coisas gloriosas que nunca houveram... Pois Ele curará os feridos, e reviverá os mortos e trará as Boas Novas aos pobres..." (4Q521)

11) O conceito da "luz da vida" (Yochanan / João. 8:12 & Man. Disc. 3, 7)

II.4 - PARALELOS ENTRE YESHUA E OUTROS RABINOS

Vemos ainda alguns paralelos entre Yeshua e outros rabinos. Como a literatura rabínica é muito extensa, é provável que encontremos ainda muitos outros, mas a idéia deste artigo é apenas a de demonstrar como Yeshua foi muito bem instruído na sabedoria judaica:

1) Normalmente, Yeshua discordava fortemente dos p'rushim (fariseus) da escola de Shamai, os quais eram extremamente legalistas em sua observância da Torá. Vemos apenas UMA situação em que Yeshua concorda com a escola de Shamai, que é a questão do divórcio (repudiar a esposa) exposta em Matitiyahu (Mateus) 5:31-32, semelhante à posição da escola de Shamai em m.Gittin 9:10).

2) Algumas expressões tais como "se teu olho direito de ofende, arranca-o" e "se a tua mão direita te ofende, corta-a for a" (Mt. 5:29-30) são encontradas em discursos rabínicos semelhantes (vide Nidá 13b)

II.5 - CONCLUSÃO

"E crescia Yeshua em sabedoria, em estatura e em graça diante de Elohim e dos homens." – Lucas 2:52 As Escrituras deixam bem claro que Yeshua recebeu instrução. Porém, o espectro de conhecimento apresentado pelo rabino Yeshua, tanto das Escrituras, quanto das técnicas de interpretação da mesma, da tradição oral, e dos ensinamentos dos sábios e rabinos ao longo da história dos judeus, é simplesmente
inimaginável!

Tamanho conhecimento e habilidade jamais foram vistos em toda a história de Israel, e só poderiam vir do Filho de Elohim!

Parte III
Yeshua, O Rabino

III.1 - INTRODUÇÃO

Para entender completamente o que Yeshua fazia, e também seus ensinamentos, é necessário entendermos o que era ser rabino no primeiro século, como ensinavam, etc.

III.2 - O QUE FAZ UM RABINO?

Quando conhecemos alguém, uma das primeiras perguntas que fazemos é "Qual a sua profissão?" Dependendo da profissão, pedimos também à pessoa para explicar um pouco do que ela faz. Ao conhecermos mais sobre a profissão de uma pessoa, passamos a conhecer mais sobre a própria pessoa, pois ela passa grande parte da vida dela naquela atividade. Por exemplo, se descobrimos que a pessoa que acabamos de conhecer é um médico, esta informação nos diz bastante a respeito da educação da pessoa, do seu círculo social, do seu status financeiro e até mesmo da sua rotina diária.

E se você tivesse a oportunidade de voltar no tempo e encontrar com o Yeshua dos Evangelhos, e perguntasse: "O que você faz?" O que Ele te diria? Que tipo de educação um Salvador precisa ter? Qual era o status social da profissão de Filho de YHWH? Quanto um Messias ganhava por mês? Qual era a rotina de um Libertador? Pois é, estas perguntas não fazem sentido, não é mesmo? Porque o fato é que conhecemos muito a respeito das definições teológicas de Yeshua (i.e. Salvador, Filho de YHWH, Messias, etc.), mas normalmente as pessoas conhecem pouco sobre a vocação de Yeshua.

A vocação de Yeshua era ser rabino. Ele era um rabino de Galil (Galiléia), com muitos admiradores e seguidores. Só estes fatos já nos dizem muita coisa sobre quem o rabino Yeshua realmente é.

Naqueles dias, o termo "rabino" ainda não tinha o significado de hoje. Hoje em dia, "rabino" é um termo usado automaticamente para quem se forma em uma Yeshiva (instituição rabínica). O termo "rabino" era um termo respeitoso para um grande professor. É neste contexto que devemos procurar entender o rabino Yeshua.

Felizmente, a literatura judaica preservou para nós uma grande riqueza em termos de tradições, ensinamentos, parábolas e histórias de grandes rabinos do Judaísmo da mesma era que Yeshua (isto é, da Era do Segundo Templo). Ao compararmos as palavras, as vidas e as aventuras de outros rabinos contemporâneos de Yeshua, conseguimos aprender bastante sobre o que significava ser um rabino no Primeiro Século.

III.3 - QUAL ERA O SALÁRIO DE YESHUA?

Um rabino do Primeiro Século não era um clérigo ou ministro ordenado. Aliás, apesar de muitas vezes serem vistos desta forma (devido principalmente à cultura ocidental), até hoje os rabinos não são exatamente ministros. Os rabinos do Primeiro Século não recebiam salário de uma sinagoga ou denominação.
Ao invés disto, eles tipicamente praticavam alguma atividade comercial para sustentar o seu ministério de ensino, ou viviam de doações. Por exemplo, Raban Gamliel aconselhava os seus alunos a combinar a prática da instrução da Torá com uma atividade mundana (Avot 2:2). Seu aluno mais famoso, o rabino Sha'ul HaBinyamin, mais popularmente conhecido como o apóstolo Paulo, escolheu ser um fabricante de tendas ao invés de aceitar doações de seus talmidim (discípulos).

Outros professores, como Yeshua, ensinavam e faziam talmidim (discípulos) em tempo integral. Tais professores dependiam de doações da comunidade e de seus alunos. (Lucas 8:3 menciona algumas mulheres que apoiavam o ministério de Yeshua. Yochanan / João 12:6 lembra que havia uma sacola de doações levada por Yeshua e seus talmidim / discípulos.) Quando um rabino decidia se dedicar em tempo integral ao ministério, isto normalmente significava ter que levar um estilo de vida bastante humilde. Por isto ele disse que as raposas tinham tocas e os pássaros tinham ninhos, mas o Filho do Homem não tinha um lugar para recostar a cabeça.

III.4 - ONDE MORAVA E TRABALHAVA YESHUA?

Pelo Talmud, fica bem evidente que na maioria das vezes um rabino do Primeiro Século ensinava de uma sinagoga local. As sinagogas eram normalmente chamadas de Beit Midrash (Casa de Estudo). Os alunos que desejavam aprender daqueles rabinos frequentemente viajavam grandes distâncias e, se fossem aceitos como talmidim (discípulos), eles dedicavam as suas vidas não só a estudar, mas também a viver com o seu rabino. Por outro lado, muitos dos sábios do Judaísmo do Primeiro Século eram itinerantes, viajando de cidade em cidade, de sinagoga em sinagoga, ensinando a Torá e fazendo talmidim (discípulos). O ministério de Yeshua certamente era itinerante, embora ele também utilizasse Kfar Nachum (Cafarnaum) como sua base.
Tanto que nos Evangelhos vemos Kfar Nachum (Cafarnaum) sendo chamada de "Sua própria cidade."(Matitiyahu / Mateus 9:1). Em Kfar Nachum (Cafarnaum), muito provavelmente ele se hospedava em um quarto na casa de Kefá (Pedro). Contudo, ele certamente rejitou a oferta de se tornar um rabino residente de Kfar Nachum (vide Lucas 4:43.

A maior parte do ministério de Yeshua consistiu das viagens dentre Yerushalayim (Jerusalém) e Galil (Galiléia). Mas por que? Porque como todo judeu observante da Torá em Israel, ele tinha que ir a Yerushalayim (Jerusalém) e ao Templo para cada uma das três festas de peregrinação: Pessach, Shavuot(Pentecostes) e Sukot(Tabernáculos). O Talmud relata que os sábios aproveitavam as grandes multidões de peregrinos para ensinar um grande número de pessoas nas alas do Templo durante os festivais. Até mesmo aqueles rabinos que normalmente ficavam em uma só localidade faziam isto, por entenderem que era uma grande oportunidade de ensinar às massas. É por isto que vemos nos Evangelhos Yeshua frequentemente ensinando nas alas do Templo, sempre durante as Moedim (Festas Bíblicas.

III.5 - QUAL EXATAMENTE ERA A FUNÇÃO DE UM RABINO?

A função de um rabino no início do Judaísmo era a de transmitir os ensinamentos (ou seja, a Torá)para a próxima geração. O livro de Pirkei Avot ("A Ética dos Pais") começa com estas palavras "Moshe(Moisés) recebeu a Torá do Sinai e a transmitiu a seu talmid (discípulo) Yehoshua (Josué) e aos anciãos; os anciãos aos profetas, e os profetas os homens da grande assembléia (geração de Ezra / Esdras)." (Avot 1:1)

O padrão de professor-discípulo para transmissão da Torá e do conhecimento do Eterno foi estabelecido desde de o início da história, e temos como primeiro exemplo mais concreto a Moshe e Yehoshua (Moisés e Josué). Aos professores de cada geração era confiada a tarefa de fazer talmidim(discípulos) e formar futuros professores para a próxima geração. Geração após geração, de professor a aluno, os ensinamentos da Torá eram transmitidos. Um rabino do Judaísmo do Primeiro Século era dedicado
exatamente a esta função (como é considerado função de um rabino até hoje): ensinar a Torá do Eterno. O propósito de sua vida era explicar a Torá em termos práticos e comunicar o conhecimento do Eterno para a geração seguinte.

III.6 - OS TRÊS CRITÉRIOS PARA UM RABINO


O Pirkei Avot continua "Os Homens da Grande Assembléia disseram três coisas `Seja deliberado em seu julgamento, forme muitos talmidim (discípulos), e faça uma cerca para a Torá." Esta era a função de um rabino do Primeiro Século.

I – Ser deliberado no julgamento: A função de um rabino era ser cuidadoso ao tomar uma decisão legal ou ao interpretar as Escrituras. Ele tinha que cuidadosamente examinar todas as evidências. Quando lhe era perguntado algo sobre as Escrituras, ou quando tinha que tomar uma decisão como ancião ou juiz em uma corte, ou até mesmo ao tomar decisões sobre a observância da Torá (halacha), um rabino tinha que ser
cuidadoso e deliberado. Um rabino levava as Escrituras a sério, e as estudava cuidadosamente para ser deliberado em seu julgamento.

II – Formar muitos talmidim (discípulos): A função de um rabino era a de formar muitos talmidim(discípulos). Ele tinha que passar as instruções a muitos alunos. Se ele não o fizesse, não haveria continuidade de geração em geração. Sem talmidim (discípulos), o estudo da Torá e o conhecimento do bem desapareceriam em uma passagem de geração, e a próxima geração cairia em apostasia. A função de
um rabino era a de formar talmidim (discípulos) que por sua vez se tornariam professores e formariam outros discípulos, para que a Torá não se perdesse.

III – Fazer uma Cerca para a Torá: A tarefa de um rabino era a de proteger a Torá, ou seja, proteger os mandamentos para que o povo não caísse em pecado. Por exemplo, para que uma pessoa não cometesse adultério, os sábios fizeram uma cerca, dizendo que um homem não deveria ficar sozinho com uma mulher que não fosse sua esposa, para que não caísse na tentação do adultério. Alguns dizem que Yeshua condenou o princípio da cerca, mas na realidade o que Yeshua condenou foi o excessivo
legalismo, e o peso que havia nos exageros sobre as leis de cerca. Como em tudo na vida, o ser humano tem a tendência a cometer exageros, e as leis de cerca, que eram um conceito válido e muito interessante, tornaram-se um peso muito grande.

Em seu ministério, Yeshua foi um rabino completo, cumprindo os três critérios acima. Ele foi deliberado em sue julgamento, tomando decisões brilhantes a respeito da interpretação da Torá. Ele formou muitos talmidim (discípulos), mais do que qualquer outro rabino jamais o fez. Além dos Doze Apóstolos, ele tinha centenas de alunos devotos, e milhares de pessoas que ouviam aos seus ensinamentos. Ele fez cercas
para a Torá, por exemplo quando disse que alguém que sequer olha para uma mulher com desejo já cometeu com ela adultério no coração. Ou quando disse para não fazermos juramentos, mas que o nosso sim seja sim e o não seja não. Nestes dois exemplos, ele fez cercas para os mandamentos de adultério, e para alguns mandamentos relacionados ao falar (i.e. não levantar falso testemunho, leis a respeito de juramentos, não
tomar o nome do Eterno em vão, etc.). Vemos então que Yeshua era um rabino completo.

III.7 - ENTENDENDO AS PALAVRAS DO RABINO YESHUA

Quando começamos a estudar os ensinamentos e metodologias de ensino dos primeiros rabinos,fazemos uma descoberta fantástica. Logo percebemos que muitas das palavras e ensinamentos de Yeshua refletem os ensinamentos de outros rabinos anteriores ou contemporâneos a ele. A metodologia, hermenêutica, argumentação, pressuposições teológicas, e até mesmo os assuntos abordados nos ensinamentos de Yeshua são fundamentalmente rabínicos. Até mesmo a sua forma de ensinar utilizando
parábolas era um método de ensino comum no Primeiro Século. Muitas de suas parábolas são derivadas de parábolas de outros rabinos anteriores a ele, que Yeshua aproveitou e/ou reformulou para transmitir Sua mensagem. Em poucas palavras, como rabino, ele utilizou as ferramentas de um rabino para transmitir Suas idéias. Ele utilizou tanto técnicas rabínicas quanto materiais rabínicos, tal qual já demonstramos
brevemente no segundo artigo desta série.

A literatura judaica nos permite comparar Suas palavras com as palavras dos rabinos que vieram antes dEle, ou mesmo dos rabinos contemporâneos a Ele. Assim, conseguimos compreender melhor algumas expressões idiomáticas obscuras e elementos do estilo judaico que Yeshua empregou, ao fazermos tais comparações. Através da literatura judaica, conseguimos entender melhor os pontos de conflito entre Yeshua e o sistema do Judaísmo que existia no Primeiro Século. E o melhor de tudo é que, consequentemente, conseguimos entender melhor a Yeshua e à Sua mensagem, dentro do seu contexto original.

III.8 - CONCLUSÃO

Yeshua é um rabino. Seus ensinamentos são fundamentalmente rabínicos. Para entendermos melhor quem Ele foi e o que Ele ensinou, é necessário explorarmos o material e as metodologias rabínicas de Sua época.

Parte IV
Um Rabino Muito Especial

IV.1 - INTRODUÇÃO

As três primeiras partes deste estudo mostravam como Yeshua se encaixa na descrição normal de um rabino do Primeiro Século Yeshua foi o único rabino com autoridade para questionar até mesmo as tradições rabínicas anteriores. O próprio Judaísmo rabínico reconhece que o Messias tem autoridade para mudar a Halacha (as decisões sobre como observar corretamente a Torá), e ensinar a observar propriamente a Lei do
Eterno. Yeshua não mudou a Torá, pois o Eterno não muda, mas questionou muitas tradições rabínicas(embora tenha concordado com outras). Yeshua disse "Vocês têm ouvido… mas Eu lhes digo." Quando dizia esta frase, Yeshua mostrava Sua autoridade absoluta. Por isto lemos "Ao concluir Yeshua este discurso, as multidões se maravilhavam da sua doutrina; porque as ensinava como tendo semichá, e não como os seus professores da Torá." (Matitiyahu / Mateus 7:28-29)

IV.4 – OS MILAGRES DO NOSSO RABINO

O ministério de ensinamento do rabino Yeshua foi complementado e validado pelas manifestações dos milagres do Reino dos Céus que o acompanhavam. Os doentes foram curados, os que eram oprimidos por demônios foram libertos, os famintos foram alimentados, os cegos voltaram a ver, os aleijados andaram,
os surdos ouviram, e os mortos voltaram à vida. Milagres desta magnitude eram muito raros dentre outros rabinos. Mas no ministério do rabino Yeshua, os milagres eram a regra, e não a exceção.

IV.5 – UM RABINO SE TORNA MALDIÇÃO

Os rabinos do Primeiro Século conheciam muito bem a Torá. Sabiam que a Torá, como Palavra do Eterno, é Ets Chayim, mas também pode trazer morte. Por que? Porque o conhecimento do bem não vem sem o conhecimento do mal, e eles sabiam quais eram as consequências de não viverem segundo a Torá. Sabiam de todas as terríveis maldições que viriam como consequência disto. Certamente encontraríamos no Primeiro
Século, e até mesmo hoje em dia, muitos rabinos que dariam sua vida para salvar a alguém.

No entanto, nenhum rabino que se preze aceitaria tomar sobre si todas as horríveis maldições que a Torá descreve como sendo conseqüência da transgressão. Certamente que não aceitariam nem mesmo a metade. Yeshua, como rabino, conhecia bem a Torá. Sabia de todas as horríveis maldições, tanto físicas quanto espirituais, que estaria para sofrer, em nosso lugar. E em Seu grande amor, Yeshua decidiu nos salvar.
O maior rabino de todos os tempos também demonstrou o maior amor de todos os tempos, ao tomar sobre si algo que todos os outros rabinos julgavam e ainda julgam impensável.

IV.6 – O RABINO QUE VOLTOU DOS MORTOS

Yeshua também foi o único rabino a ressurgir de dentre os mortos. Nenhum outro rabino na história jamais fez, e jamais fará tal coisa. Se você ainda tem dúvidas sobre isto, imagine a seguinte situação: após a sua morte, os seus talmidim (discípulos) estavam dispersos e completamente desnorteados. Eram pobres, sem
as doações que eram feitas ao ministério de Yeshua, não tinham como se sustentar. Estavam desapontados,pois esperavam ver o seu rabino coroado como rei em Yerushalayim (Jerusalém), e no entanto seu rabino foi preso, torturado, morto e nada fez para impedir. A grande maioria das multidões que o seguiam agora também estavam desapontadas, se sentindo desiludidas pois também esperavam que Yeshua os libertasse de Roma.

Sem dinheiro, sem as multidões, sem rumo, sem o seu pastor, confusos, desiludidos, amedrontados, dispersos, perseguidos por Roma e por muitos moradores da região de Yehudá: este era o quadro dos talmidim (discípulos) de Yeshua. E no entanto, algo acontecesse. Eles passam de adolescentes amedrontados a intrépidos proclamadores do Reino dos Céus, ao ponto de levarem adiante a mensagem de Yeshua até os confins da Terra, dispostos a darem suas vidas por esta mensagem. O que mudou? Justamente o fato de que Yeshua ressurgiu dos mortos, e apareceu para eles. Sem isto seria impossível imaginar que os talmidim (discípulos) seriam capazes de
levarem sozinhos uma mentira adiante.

IV.7 – SEGUINDO O RABINO YESHUA

Uma coisa é saber que Yeshua foi um rabino e até chamá-lo de rabino Yeshua. Outra coisa bem diferente fazer dEle o seu rabino. Tal como no Primeiro Século, até os dias de hoje existe uma grande diferença entre aqueles que são curados ou salvos por Yeshua, e aqueles que decidem serem seus talmidim(discípulos). Para realmente aprendermos de Yeshua como os primeiros talmidim (discípulos) faziam, temos
que entender como Ele vivia, e procurar viver da mesma forma, e seguí-lo. Pois o chamado de Yeshua é para que nós o sigamos. Se desejamos conhecê-Lo como Ele realmente é, devemos experimentá-Lo não apenas como Salvador, mas também como Mestre e S-nhor, e devemos dedicar nossas vidas ao discipulado dEle.

Assim como ocorria no contexto do Primeiro Século, devemos entender que ser discípulo de Yeshua é estar aprendendo constantemente dEle. É um processo de uma vida inteira. O mesmo chamado de Yeshua está disponível até hoje.

Shalom!

Tshuvah







"Retorno "

E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai delapovo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas.



I - Introdução

Dois dos argumentos mais comuns daqueles que se deparam com o movimento de teshuvá, isto é, de retorno para a Torá e do abandonar de práticas pagãs, são o argumento histórico e o argumento da quantidade.

Muitos alegam que "o Cristianismo existe há 2 mil anos" e que portanto suas práticas não podem estar equivocadas. Outros alegam que "a maioria das igrejas faz de certa forma", e que portanto novamente é difícil supor que tanta gente esteja equivocada.
Embora esses não sejam exatamente argumentos bíblicos, não podemos desprezar a importância psicológica e emocional dos mesmos. Pois muitos ainda temem questionar sua fé em virtude desses elementos.

Tais argumentos baseiam-se em algumas premissas, que analisaremos aqui, uma por uma.

II - A Prática Cristã têm 2 mil anos?

Esse argumento baseia-se numa meia-verdade: É verdade que existem cristãos desde, pelo menos, o segundo século da era comum, já com algumas importantes semelhanças para com os grupos modernos.

Porém, desde o princípio da religião cristã, havia divergências entre
convicções e práticas religiosas. Um exemplo disso é o Primeiro Concílio de
Nicéia.

O Primeiro Concílio de Nicéia foi o primeiro concílio ecumênico de cristãos em toda a história, e só ocorreu no século IV. Mesmo nessa época, havia uma enorme divergência entre uma série de correntes. Sob a liderança do imperador Constantino I, o Primeiro Concílio de Nicéia excluiu todos os seguidores judeus de Yeshua, deliberadamente, além de ter levado ao ostracismo grupos que não criam na doutrina da trindade, que não eram poucos. Sabe-se também, historicamente, que alguns grupos foram igualmente compelidos a aceitar as crenças romanas, em prol da unidade, por força política do imperador.

Nesse concílio, também ocorreu o debate de outros pontos doutrinários importantes, como por exemplo a da datação do Pessach("Páscoa"), que nos séculos anteriores tinha sido tema de grande controvérsia, e assim permaneceu até a imposição romana posterior da páscoa na data da festa da deusa da fertilidade.

Até Nicéia, portanto, havia uma grande pluralidade de crenças e práticas, e não havia uma "Igreja" monolítica, que começou a se estabelecer com Constantino, um imperador reconhecidamente pagão e adorador do deus-sol.

Até essa época, além de comunidades com as mais variadas práticas,
havia ainda diversas comunidades judaicas de seguidores de Yeshua, que
foram posteriormente destruídas devido à perseguição romana. Sobre isso, a
Enciclopédia Católica afirma:

"Depois de meados do século 5o. [ie. aprox. 650 DC] os 'judeus cristãos'
desapareceram da história."

Além disso, mesmo depois dos tempos dos chamados "Concílios Ecumênicos", divergências de teologia e de prática teológica sempre continuaram a surgir. Ao longo dos séculos, vários cismas ocorreram. Nem todos têm ciência disso, mas sequer existe uma única Igreja Católica. Há várias, sendo Roma a mais importante de todas. Veremos mais sobre isso mais adiante.

Mesmo dentro da Igreja Romana, crenças e práticas também foram revisadas ao longo da história. Um dos exemplos é o uso de imagens. Em 431, a versão católica de Miriyam (Maria) foi declarada por Roma como "Mãe do Eterno", crença até então desconhecida. Em 754, o Concílio de Hiéria aboliu imagens e esculturas. Posteriormente, foi declarado inválido e anulado. Em 1869, o Primeiro Concílio do Vaticano introduziu a infalibilidade papal. Estas são apenas algumas das diversas mudanças de crenças e
posicionamentos da Igreja Romana ao longo dos séculos.

Conclusão sobre esta premissa

• As práticas cristãs só começaram a ganhar unidade, por força política,
a partir do século XV.
• Mesmo dentro desse organismo único, surgido a partir do século
quarto, historicamente muitas práticas foram revistas e crenças foram
reformuladas.
• Não há como estabelecer que existe "uma única prática que perdura
por 2 mil anos."

II - O Cristianismo tem 2 mil anos?

Um derivativo do argumento anterior é o de que "o Cristianismo tem 2
mil anos."

O primeiro problema disso é também o mais evidente: Muitos dos que fazem tal afirmação vêm dos meios protestante e evangélico. E isso por si só já é um problema. A Reforma Protestante é do século 16, e praticamente todas as igrejas evangélicas da atualidade derivam sua teologia da reforma - mesmo aquelas que, erroneamente, supõem serem derivadas de grupos mais antigos.

Vejamos aqui alguns dos principais eventos do Cristianismo, e de seus principais grupos. Ao leitor cristão, recomenda-se o seguinte exercício: tente localizar a origem do grupo a que você pertence:

Alguns dos Principais Cismas Cristãos

Século 4: Primeiro Concílio Ecumênico, que forma uma "organismo único."
Os discordantes são marginalizados. Grupos judaicos são deliberadamente
excluídos.

Séculos 4 e 5: Concílios de Constantinopla I e Éfeso: Marginaliza grupos que
não criam na Trindade e em Maria como "Mãe do Eterno." Dá origem ao Assíria do Oriente. Grupos judaicos de seguidores de Yeshua são levados praticamente à extinção por meio de perseguição.

Século 5: Divisão sobre a natureza de Yeshua leva ao cisma entre as Igrejas
do Ocidente, e as Igrejas do Oriente. A Igreja do Ocidente posteriormente se
dividiria novamente. A Igreja do Oriente é hoje conhecida como "Ortodoxa Oriental." As Igrejas Ocidentais (inclusive posteriormente alguns protestantes) negam o "Segundo Concílio de Éfeso" e reconhecem o "Concílio de Calcedônia." Já as Igrejas Orientais consideram o último, e negam o primeiro.

Século 8: Contenda na Igreja Romana sobre o "Concílio de Hiera" e o "Segundo Concílio de Nicéia", acerca do uso de imagens. O Catolicismo Romano reconhece o segundo, e nega o primeiro. Já parte do Protestantismo nega o segundo, e reconhece o primeiro.

Século 11: Racha entre a Igreja do Leste (hoje conhecida como Católica Ortodoxa do Leste) e a Igreja do Ocidente (hoje conhecida apenas como Católica Romana), devido a uma disputa entre a o Patriarca de Constantinopla e o Papado Romano.

Séculos 12 a 15: Tentativas frustradas de reforma por parte dos Hussitas, Lolardos, e Valdenses. Os últimos foram destruídos, os segundos e parte dos primeiros foram incorporados pela Reforma do século 16, e parte dos primeiros formou a igrejas Hussita que, como a igreja Anglicana, é um híbrido de Catolicismo e Protestantismo.

Século 16: Reforma protestante. Início das igrejas Luterana, Anglicana, Anabatista (hoje fundamentalmente Menoninta), e de outros movimentos como o Calvinista.

Século 17: Origem da Igreja Batista, em racha com a Igreja Anglicana em Amsterdã.

Século 18: Origem da Igreja Metodista, em racha com a Igreja Anglicana na Inglaterra. Origem, na Escócia, da Igreja Presbiteriana, a partir do movimento Calvinista e influenciada por outros reformadores. Séculos 19 e 20 (início): Início do Pentecostalismo, que teve forte influência wesleyana, e que afetou boa parte das igrejas protestantes. Nesta, originamse importantes denominações como a "Assembleia de Deus." Início do movimento Adventista.

Século 20 (meados): Início do Movimento Carismático, cuja premissa era renovar as igrejas protestantes. Deu origem às Igrejas Renovadas dentro das diferentes linhas protestantes clássicas. Foi também o precursor do "Catolicismo Romano Carismático."

Século 20 (final): Início do Movimento Neopentecostal, a partir de igrejas norte-americanas. É responsável por boa parte das igrejas chamadas "não-denominacionais" na atualidade, que se caracterizam por uma enorme variedade de crenças e práticas.
Nem chegamos perto de listar todos os cismas, discordâncias e rachas existentes no Cristianismo, assim como a variedade de crenças e práticas. É possível que às vezes o leitor tenha pouco contato com outras práticas, por residir em uma região dominada por esta ou aquela prática, mas isso não nega a existência global de uma série de variantes.

Nem chegamos perto de listar todos os cismas, discordâncias e rachas existentes no Cristianismo, assim como a variedade de crenças e práticas. É possível que às vezes o leitor tenha pouco contato com outras práticas, por residir em uma região dominada por esta ou aquela prática, mas isso não nega a existência global de uma série de variantes.

Como se pode ver, não existe "um Cristianismo." O termo é bastante genérico, e aplicável a grupos com as crenças mais variadas possíveis e imagináveis. Se compararmos um cristão ortodoxo do Oriente, com um católico romano, um batista tradicional e um neopentecostal, eles terão muito pouco em comum. Poderão ter, inclusive, divergências profundas em temas fundamentais como salvação, natureza de Yeshua e imersão ("batismo").

Não há como, portanto, o leitor cristão dizer que "o Cristianismo tem 2 mil anos", porque não existe esse Cristianismo monolítico e único que essa afirmação supõe. E como pode, ainda, o leitor cristão dizer que "o Cristianismo Bíblico tem 2 mil anos", se a definição de "Cristianismo Bíblico" varia de cristão para cristão. Se formos pela maioria denominacional, então todos deveriam ser católicos romanos. Se formos pelas práticas ou doutrinas mais difundidas, novamente estaremos mais próximos do catolicismo do que do protestantismo. Mesmo dentro do protestantismo, há uma miríade de diferenças de crenças e práticas.

Lembramos que estamos, neste estudo, analisando argumentos externos à Bíblia. É claro que a resposta a muitas dessas questões é o voltar para a Bíblia e analisá-la. Porém, muitos ao lerem as Escritura dizem: "Todos interpretam desta forma." Se formos igualmente pensar na forma em que a maioria lê a Bíblia, então novamente estaremos nos aproximando do Catolicismo.

Há quem diga que, apesar disso, há 2 mil anos "existe uma igreja invisível, composta dos verdadeiros seguidores de Yeshua." Não vamos entrar no mérito desta frase, que não é o escopo deste artigo. Porém, não existe nenhuma definição histórica das práticas dessa "igreja invisível."

Normalmente, quem usa essa frase parte da premissa de que a "igreja invisível" tem práticas e interpretações teológicas semelhantes às suas próprias. Mas como não há registro histórico da "igreja invisível" (por razões óbvias), não há como dizer que essa "igreja invisível" tinha esta ou aquela prática ou crença. Em outras palavras: Não é possível alegar a "igreja invisível" para defender práticas, porque isso depende da subjetividade de quem define a expressão.

Conclusões sobre esta premissa

• "O" Cristianismo não existe, porque não há uma definição única e
monolítica para todos. Nunca houve, desde os primórdios.
• É muito subjetivo afirmar que este ou aquele grupo tem "2 mil anos."
Na verdade, nenhum grupo cristão tem oficialmente 2 mil anos de
existência. E, em muitos casos, dependem de que lado a pessoa está
no momento do cisma.
• Não há como definir, com base nos grupos cristãos, um conjunto único
de dogmas de fé e de prática que sejam "um núcleo de 2 mil anos",
pois até temas fundamentais como salvação encontram divergências.

III - Obedecer à Lei do Eterno é um Novo Modismo?

Alguns argumentam que a idéia do obedecer à Torá (Lei) do Eterno só começou a ser divulgada nos tempos atuais, por grupos "sectários" e que portanto não pode ser levada em consideração, pois trata-se de um "novo modismo" que jamais existiu anteriormente. Mais uma vez, esse é um argumento equivocado.

Os grupos históricos mais tradicionais se escandalizariam profundamente com a tendência moderna de se declarar que não há necessidade de se cumprir "a Lei do Eterno." Vejamos aqui algumas profissões de fé:

Reforma Protestante

Um dos principais documentos das igrejas reformadas era conhecido como o Catecismo de Heidelberg (século 16), que afirma o seguinte:

"Mas o que são as boas obras? Somente aquelas que procedem da verdadeira fé, e são realizadas segundo a Lei do Eterno, e para a Sua glória; e não aquelas que são fundadas em nossas imaginações, ou nas instituições de homens." (Pergunta 91)

A Confissão Batista (século 17) também afirma algo semelhante, quando diz:

"O Espírito do Messias subjuga a vontade do homem, e o permite realizar livremente e com alegria aquilo que a vontade do Eterno, conforme revelado na Lei, requer que seja feito." (19:7)

Catolicismo Romano

O Catecismo da Igreja Católica também afirma algo semelhante:

"A Lei do Eterno confiada à Igreja é ensinada aos fiéis como um
caminho de vida e de verdade." (2037)

Catolicismo Ortodoxo

Algo semelhante também pode ser encontrado no Catecismo de São
Filaret:

"Que forma temos de discernir boas obras das ruins? Pela lei interior do Eterno, ou testemunho de nossa consciência, e pela lei exterior do Eterno... Quando e como foi a lei exterior do Eterno dada aos homens?
Quando o povo hebreu, descendente de Abraão, foi milagrosamente liberto da escravidão do Egito, no caminho da terra prometida, no deserto, no monte Sinai, o Eterno manifestou sua presença em fogo e nuvens, e deu a eles a Lei, pela mão de Moisés, seu líder."

A Mudança do Movimento Carismático

A idéia de que não haja qualquer necessidade de cumprimento da Lei do Eterno surgiu com o movimento Carismático e foi herdada pelo Neopentecostalismo. Essa idéia, que posteriormente acabou influenciando outras igrejas, foi duramente criticada por seus antecessores. Por exemplo, o pastor pentecostal (não-carismático) Bill Burket afirma:

"Os carismáticos indicam em seu ensinamento que a Lei do Eterno e Seu amor são diamétricos, e que se você observa um, você não tem o outro, e que esses representam dois tipos diferentes de dispensação de revelação, e que estamos vivendo a dispensação do amor, e que portanto você está em algum tipo de escravidão se viver pela Lei moral do Eterno. Mas a Bíblia ensina que eles são a mesma coisa, e a Lei do Eterno é simplesmente o Amor do Eterno em forma escrita." (Pentecostal But Not Charismatic)

Evidentemente que existe uma profunda divergência entre o que os grupos supracitados consideram ser a "Lei do Eterno" e o que os que defendem a observância total da Torá consideram para tal definição. Não queremos de forma alguma negar essa diferença. Porém, o leitor precisa igualmente compreender que esses grupos também divergem entre eles sobre a definição do que é a "Lei do Eterno." Mas, à exceção dos grupos
mais modernos, todos concordam que a "Lei do Eterno" (seja qual for a sua definição) deve ser cumprida, e que o simples cumprir a "Lei do Eterno" não anula a fé nem a graça - desde que, claro, feita pelos motivos corretos, isto é, como consequência da fé, e não como tentativa de se obter o "favor celestial" por méritos.

Conclusões sobre esta premissa

• Historicamente, a idéia da necessidade do cumprimento da Lei sempre
acompanhou todas as ramificações do Cristianismo.
• Embora praticamente todos os grupos cristãos discordem entre eles
sobre o que é a "Lei do Eterno", a idéia de que essa Lei não deveria
ser cumprida é um desenvolvimento teológico mais recente.

IV - As Práticas da Torá são novo modismo?

Uma variação do argumento anterior é a afirmação de que as práticas realizadas pelos grupos que defendem a Torá são práticas estranhas, e que não são adotadas por nenhum outro grupo.

Novamente, é preciso que o leitor entenda que o seu universo pessoal não representa nem 1% do Cristianismo, e que o fato de que determinada prática não seja realizada nas comunidades próximas, ou nos grupos mais modernos, não significa que tais práticas não sejam amplamente realizadas em outros lugares.

O leitor pode se surpreender com a frase a seguir, mas o fato é que o Cristianismo cumpre sim praticamente toda a Torá. Tenho ciência de que essa frase controversa espantará tanto o leitor cristão quanto o israelita. Todavia, peço a todos que deixem para tirar suas conclusões após verem os argumentos.

A seguir, alguns exemplos dentre algumas das práticas da Torá que
mais se destacam para quem toma contato com ela:

1) Shabat

O Shabat, ou sábado, nunca deixou, ao longo da história, de ser observado por grupos de cristãos, mesmo após a imposição do domingo por parte da Igreja Romana. Agostinho, de Hipona, por exemplo confirma no século IV:

"É claro que todas as igrejas orientais e a maior parte do mundo observava o Shabat como festival. Os autores gregos são unânimes no seu testemunho."

Ao longo da Idade Média, pelo menos dois grupos observavam o Shabat: A Igreja Ortodoxa Etíope que, por sua distância física de Roma, é a que mais se assemelha aos ritos dos antigos seguidores de Yeshua, algumas Igrejas Ortodoxas Orientais, e também alguns grupos pré-Reforma, como por exemplo alguns dentre os Valdenses. Depois da Reforma, vários outros grupos sabatistas surgiram, sendo os mais importantes os Batistas do Sétimo Dia e os Adventista. Portanto, uma parcela considerável da Cristandade sempre observou o Shabat.

2) Circuncisão

Muitos podem se surpreender, mas a circuncisão também é praticada dentro do Cristianismo, especialmente dentro da Ortodoxia. As Igrejas Ortodoxa Copta, Ortodoxa Etíope e Ortodoxa da Eritréia, além de algumas outras igrejas africanas, ainda praticam a circuncisão de seus filhos, conforme a determinação bíblica.

Um documento da ONU, que delibera sobre a questão, afirma:

"Os cristãos coptas no Egito e os cristãos ortodoxos etíopes - duas das formas mais antigas de Cristianismo sobreviventes - retêm muitos aspectos do Cristianismo primitivo, inclusive a circuncisão de homens." (Male Circumcision: context, criteria and culture)

Portanto, mais uma vez é uma prática que tem considerável adoção dentro do Cristianismo, embora não seja muito conhecida na sociedade ocidental.

3) Festas Bíblicas (Geral)

Além de terem sido celebradas nas comunidades primitivas, e tornarem-se controvérsia com a Igreja Romana até, pelo menos, os idos do século 7, há também registros da observância de festas bíblicas ao longo inclusive da Idade Média.

O rabino-historiador Samuel Kohn também relata em sua obra "Sabbatarians in Transylvania" registros históricos de comunidades sabatistas no século 16 celebrando todas as festas bíblicas.

Ademais, recentemente, também temos visto um crescente interesse
de movimentos cristãos mais modernos, a partir do século 19, com crescente
interesse nas festas bíblicas.

Em outras palavras, a prática dentro do Cristianismo de festas bíblicas sempre existiu, em maior ou menor grau, e perdura até hoje. Está muito longe, portanto, de ser um modismo.

A seguir, veremos alguns exemplos de festas específicas:

3.1) Pessach/Chag haMatsot

Primeiramente, é preciso distinguir entre o "não praticar" e o "praticar equivocadamente." Porque enquanto o primeiro pressupõe uma abolição da prática, o segundo não. Esse é o caso do Pessach, ou "Páscoa." Todo o mundo cristão a celebra, embora muitos o façam equivocadamente, sem se darem conta de que a Igreja Romana adotou, para essa festividade, a data e os costumes da festa da deusa da fertilidade, Ishtar. Todavia, ninguém questiona a importância da data.

Ademais, como vimos, havia muitos grupos que praticavam a datação e o costume correto não só do Pessach ("Páscoa") como também de Chag haMatsot (Festa de Pães Ázimos.) Tais grupos eram chamados de "quartodecimanos." Embora entre tais grupos, nem todos cumprissem a festa de pães ázimos, uma parcela considerável (provavelmente a maioria) o fazia. Sabe-se, por um registro do bispo de York, que os quartodecimanos
existiram até, pelo menos, o século 7. Depois da Reforma, alguns grupos(embora não muito grandes) retornaram à prática quartodecimana.

Em outras palavras, essa é uma prática que, de uma forma ou de outra, se mantém parcialmente em todo o Cristianismo; manteve-se em sua totalidade por muitos séculos apesar de forte perseguição de Roma, e tem, por fim, sido revisitada por movimentos mais modernos. Novamente, não se pode considerar essa prática exclusiva ou modismo.

3.2) Shavu'ot

Esta é uma festa que se mantém até hoje, embora tenha mais importância dentro dos ritos católicos do que do Protestantismo. Trata-se da famosa festa de "Pentecostes", ou "Festa das Semanas", como é conhecida biblicamente. Como essa festa possui relação cronológica com Pessach/Chag haMatsot, e tendo a Igreja Romana revisado a data da sua "Páscoa", evidentemente que a data acaba não coincidindo com a verdadeira data
bíblica de Shavu'ot. Porém, a prática permanece apesar desse erro. É claro que os ritos modernos já trazem diferenças para com a prática bíblica, mas o importante é ressaltar que Shavuot, mesmo com muitos erros, não é considerada uma prática abolida, e é realizada por boa parte do Cristianismo.
Novamente, não é um modismo.

3.3) Yom Teruá

Como já afirmamos, a chamada "Festa da Trombeta" é mais um exemplo de uma festa bíblica que tem sido mais recentemente igualmente revisitada por grupos cristãos modernos. Porém, mais importante do que isso é o fato de que inúmeros teólogos cristãos apontam corretamente para Yom Teruá como diretamente associado ao dia do retorno de Yeshua. Sendo assim, mesmo a data não sido praticada pela vasta maioria, muitos sãos os teólogos que a consideram fundamental, teologicamente.

3.4) Yom Kipur

O Yom Kipur ("Dia da Expiação") se caracterizava por dois principais elementos: Um deles dizia respeito ao rito do Cohen HaGadol (Sumo Sacerdote), que derramava o sangue sobre o propiciatório do Aron HaBrit(Arca da Aliança.) O outro aspecto era o "afligir de almas", eufemismo bíblico para o jejum.

Poucos sabem, mas até hoje a Igreja Ortodoxa Etíope mantém a prática de derramar um cálice de vinho (representando o sangue de Yeshua)sobre o propiciatório do Aron HaBrit (Arca da Aliança). A Igreja Etíope alega ter posse do Aron HaBrit (Arca da Aliança), embora muitos especulem que seja uma réplica, possivelmente enviada por Shlomo (Salomão) à rainha de Sabá, e preservada pelos Beta Israel, a comunidade judaica etíope até os primórdios do Cristianismo.

Sem entrar no mérito teológico da questão, o Yom Kipur é também considerado uma data importante dentro da teologia Adventista, que o considera como uma data especial de cumprimento de parte da expiação de Yeshua nas regiões celestiais. Portanto, mais uma vez o Yom Kipur não é uma prática "nova" ou mesmo sem similar nas práticas cristãs.

3.5) Sukot

Além de ser uma das festas com registros históricos sobre sua observância ao longo dos séculos, e do interesse moderno na mesma, esta é uma festa que a Bíblia diz explicitamente que será celebrada no Milênio, por todas as nações, em Zechariyah/Zacarias 14:16-19. Com isto, muitos teólogos não negam sua importância, e afirmam que a mesma esteve vigente, e será vigente, não estando vigente unicamente no momento presente da "Igreja" - o que não é difícil de perceber como pretexto teológico para não observá-la atualmente.

4) Kashrut

As chamadas "leis alimentícias" também têm sido observadas ao longo dos séculos por diversos grupos cristãos. Dentre os grupos católicos, mais antigos, podemos destacar a Igreja Ortodoxa Etíope, que até hoje mantém as leis alimentícias bíblicas em sua prática de fé. Outras Igrejas Ortodoxas, tanto Orientais quanto Ocidentais, embora não enfatizem tais leis da mesma forma que a Igreja Etíope, também desencorajam seus seguidores a seguirem uma alimentação não bíblica.

Semelhantemente, após a Reforma, temos como principal grupo praticante das leis alimentícias o movimento Adventista. Há também grupos mais modernos que têm praticado tais leis. Sendo assim, podemos perceber que as leis alimentícias igualmente não podem ser chamadas de "modismo" ou descartadas como uma nova invenção, mas vêm sendo praticadas desde os primórdios do Cristianismo.

Estes são apenas alguns exemplos de inúmeras práticas da Torá que, em maior ou menor escala, com maiores ou menores alterações, podem ser encontradas nas diversas vertentes do Cristianismo. E servem para demonstrar que a pregação da Torá, e do retorno à obediência à Lei do Eterno não é algo novo.

A grande diferença entre tais práticas e a prática dos grupos atuais que propõem a observância da Torá é apenas uma: Enquanto a maioria dos grupos supracitados cumpre esta ou aquela observância e ignora outras, nossa proposta é a de que TODA a Bíblia é fonte de instrução de práticas de vida.

A observância seletiva dos grupos supracitados também prova com absoluta clareza que as igrejas cristãs têm uma atitude dúbia para com a Lei do Eterno, pois ao se julgarem capazes de determinar que preceitos da Palavra Imutável foram abolidos, e que preceitos devem ser cumpridos, os grupos acabam discordando entre eles próprios, e cada qual tem práticas distintas, pois pouquíssimos são os que observam a totalidade.

Conclusões sobre esta premissa

• As práticas da Torá (Lei) do Eterno não são modismo moderno, e a maior parte dela pode ser encontradas ao longo inclusive de toda a história do Cristianismo.
• As igrejas cristãs divergem consideravelmente sobre que elementos da Torá (Lei) devem ser cumpridos hoje.
• O que propomos não é invenção de homens, mas uma premissa simples: TODAS as recomendações do Eterno são fonte de instrução para a humanidade.

V - Seguindo a Maioria?

Outro argumento bastante utilizado é o de que "todo mundo pensa ou age de uma certa forma." Recentemente ouvi o caso de uma pessoa que deixou uma igreja sabatista porque "todo mundo pregava de outra forma."

Existem alguns erros básicos nessa premissa. O primeiro é acerca da maioria: Normalmente, as pessoas se referem à maioria dentro da região onde mora. Contudo, isso é bastante relativo, pois há diversas regiões onde impera esta ou aquela denominação religiosa. Uma pessoa que viva no Egito terá como maioria predominante as igrejas Copta e Oriental. Alguém que viva na Itália terá como maioria predominante o Catolicismo Romano, e assim por diante. Portanto, a "maioria regional" não é sinônimo de doutrina correta, e simplesmente reflete um desejo da pessoa de colocar o social acima da fé.

Caso consideremos a "maioria global", todos deveriam ser católicos romanos. Porém, boa parte dos demais cristãos os consideram uma das denominações mais distantes da Bíblia em termos de fé e prática. E mesmo os católicos romanos representam apenas cerca de 50% do mundo cristão - o que significa que igualmente teriam problemas em afirmar que todo o restante está equivocado, por força unicamente numérica.

Além disso, esse argumento apresenta dois pesos e duas medidas, quando apresentado por um evangélico ou protestante. Porque se Lutero, Zwingli ou Calvino tivessem pensado dessa forma, as igrejas protestantes possivelmente não existiriam hoje. Na época desses homens, não havia variedade de igrejas numa mesma região. Se a região fosse dominada por Roma, todos seriam católicos romanos. Isto significa que esses homens tiveram que aceitar ficarem inicialmente sozinhos, e não seguiram a maioria.

Nem é preciso recordar que a Bíblia em diversos pontos adverte que não devemos nem seguir a maioria, muito menos ceder a pressões sociais(ou mesmo familiares), como por exemplo nos versos abaixo:

"Entretanto, Elohim não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram
prostrados no deserto." (Curintayah Alef/1 Coríntios 10:5)

"Se alguém vier a mim, e não deixar a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos
e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu talmid."
(Lucas 14:26)

Conclusões sobre essa premissa

• Esta premissa é baseada em estatísticas locais e, portanto, equivocadas.
• Se a maioria for a voz da razão, deveriam todos serem Católicos Romanos.
• A Bíblia não se preocupa com números, e sim com a verdade.
• Trata-se de um pretexto por causa do desconforto social ou familiar.

VI - O Eterno permitiu que fosse dessa forma?

Alguns afirmam que "o Eterno está no comando das igrejas" e que se Ele permitiu que assim fossem, isso significa que Ele está satisfeito com elas.

Alguns problemas se apresentam a partir dessa premissa. O primeiro deles, já evidenciado anteriormente é: De que igreja o Eterno está no comando? E, se de fato esse comando existe da forma como as pessoas argumentam, por que tantas igrejas igualmente bem-intencionadas chegam a conclusões distintas sobre o direcionamento dEle?

Na realidade, o que acontece é que o Eterno é paciente. E as pessoas confundem a paciência do Eterno com ter o seu agrado. Vejamos um exemplo nas Escrituras sobre isso:

"E acharam escrito na Torá que YHWH ordenara, pelo ministério de Moshe, que os filhos de Israel habitassem em cabanas, na solenidade da festa, no sétimo mês... E toda a congregação dos que voltaram do cativeiro fizeram cabanas, e habitaram nas cabanas, porque nunca fizeram assim os filhos de Israel, desde os dias de Yahushua Ben Nun, até àquele dia; e houve mui grande alegria." (Nehemiyah/Neemias 8:14,17)

Repare no que a Bíblia diz aqui: O povo de Israel passou quase mil anos negligenciando uma mitsvá (mandamento) do Eterno! E nem por isso o Eterno deixou de amar ou de ser paciente com o povo de Israel. O povo estava no erro, mas o Eterno foi longânimo devido à ignorância do povo.

Da mesma forma, a restauração da fé não teve seu fim em Lutero: Ela teve seu início nele, mas precisa prosseguir. É preciso que todos deixem as práticas pagãs incorporadas pela Igreja de Roma, e voltem às práticas bíblicas.

A misericórdia do Eterno não deve ser pretexto para deixarmos de nos
voltarmos para a verdade. E assim como o Eterno se relacionou com Israel
apesar de sua desobediência, sem aprová-la, muitas vezes o Eterno se
relaciona com pessoas que estão em sistemas religiosos de engano, sem
com isso significar que Ele aprove todos os seus hábitos, comportamentos ou
crenças.

Conclusões sobre esta premissa

• Não devemos confundir a paciência do Eterno com aceitação.
• O Eterno se relaciona misericordiosamente com o ser humano, apesar dos seus erros.
• Mesmo assim, devemos buscar a verdade, pois o Eterno tem nos
levado no sentido da restauração.

VII - Conclusões

A partir deste estudo, podemos tirar algumas conclusões importantes:

• As práticas cristãs da atualidade não têm 2 mil anos.
• Não existe um "Cristianismo" ou uma "Igreja" de 2 mil anos. Essa definição depende da subjetividade de cada um.
• Diferentes grupos cristãos têm diferentes crenças sobre assuntos até fundamentais na fé.
• Até recentemente, a idéia de obedecer à Lei do Eterno sempre acompanhou os que dizem seguir Yeshua, com variações apenas na definição sobre o que é "Lei."
• Não há unanimidade no meio do Cristianismo sobre o que é a "Lei do Eterno."
• As práticas da Torá (Lei) do Eterno não são novidade, e boa parte delas pode ser encontradas nos mais variados grupos cristãos.
• A Torá (Lei) não é unicamente praticada por um pequeno bando de loucos do século 21. Ela foi praticada ao longo de toda história.
• É ilusão achar que estar em uma denominação cristã é "seguir a maioria."
• É ilusão achar que "seguir uma suposta maioria" é positivo, biblicamente.
• A tolerância do Eterno com o Cristianismo não significa que Ele aprove todas as suas crenças, ou práticas.
• Todos esses argumentos são de fundo unicamente emocional, e não têm base nem histórica, nem teológica e muito menos bíblica.

Sendo assim, a resposta para a pergunta "Onde está a verdade?" deve ser respondida unicamente nas Escrituras, independentemente de que denominação a pratica, ou de quantas pessoas praticam a verdade.

Lembremos que não era raro que os profetas da antiguidade se sentissem sozinhos, ao perceberem que a maioria do povo não seguia a totalidade das Escrituras.

Shalom!

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