terça-feira, 11 de maio de 2021

Yeshua é D-US?






Compreenda o texto na  sua  originalidade


"Existindo em forma de D-US"


Há profecias de que um ser celestial viria a terra em forma humana?
Milhões entre os cristãos têm em sua crença de que o próprio Deus se fez homem e veio a terra. Vocês conseguem imaginar um acontecimento mais fantástico do que esse, impossível não é? Pois, se tratando então de um evento desta envergadura, que tal acreditar que os profetas antigos teriam dito que isso aconteceria? Será que os profetas antigos falaram que isso aconteceria? Muitos dizem que sim, mas onde?


Em Filipenses 2:4-8, Paulo registra: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Yeshua( jesus), que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”.

A nossa envelhecida ortodoxia protestante entende que esse “esvaziou-se” implica dizer que Cristo trocou uma natureza pela outra, que ele saiu do céu [tendo a forma de Deus] e chegou a terra como homem [tomou a forma de homem]. Ou seja, os trinitarianos geralmente fazem a leitura desse versículo como se Paulo estivesse falando de um Jesus que viveu antes do seu nascimento em Belém e de sua decisão de se tornar um ser humano. Para eles, Paulo está se referindo à encarnação do Filho preexistente.

Neste contexto, a aparente possibilidade de Cristo estar esvaziando-se da natureza divina, e uma grande massa de linguística e evidência favorável a essa interpretação, parece tornar inviável qualquer alternativa contextual, o que deixou enraizado na Ortodoxia Cristã total credibilidade para essa visão tradicional.

Inevitável não haver questionamentos diante de um contexto tão controvertido. Por que o verso cinco diz que toda essa metamorfose de divindade para humanidade foi um sentimento que houve no messias , o nome que lhe foi dado depois de nascido? Ora, a passagem não diz nada sobre o céu ou uma vida passada para Yeshua , mas sim se refere a “Cristo” – “o Filho de D-us”, um nome e título que ele adquiriu apenas a partir de seu nascimento , por  direito , e  de fato somente  no seu batismo .Quando fora  ungido.(Sl 2:7; Lucas 1: 32,35 ; Mat 1:18e Mat 3:16-17).


A noção de uma deidade  que se despe de suas atribuições e prerrogativas é inerentemente problemática – os trinitarianos devem responder se isso significa que Yeshua deixou de ser “Deus” quando se tornou humano. Ora, o conceito tradicional da preexistência significa que a concepção de yeshua foi o rompimento de uma existência como D-us e o começo de uma carreira terrestre como homem. Além disso, se D-us é eterno e não muda, como Ele pode livrar-se de qualquer parte da sua natureza? Será que essa idéia não contradiz passagens como Malaquias 3:6 (“Eu sou o Senhor, não mudo”)?


Como e quando ele readquiriu seus atributos divinos? O que é que tudo isto implica sobre a morte de Jesus, que Deus/Jesus realmente morreu ou se apenas uma parte dele morreu na cruz? Yeshua (Jesus), numa existência anterior imortal poderia “aniquilar” em si mesmo essa imortalidade para se tornar homem? Ou não foi a morte de Jesus uma morte real, que somente o homem Cristo morreu e sua parte deificada não morreu? Será que isso tudo é uma charada divina? Será que apenas o corpo humano de Jesus morreu? Se assim for, isso não significa que sua natureza humana é impessoal? Se apenas a parte humana de Yeshua morreu, o que foi o ponto de “D-us, o Filho”, como os trinitarianos o chamam, “esvaziando-se de seus atributos divinos?”

Estamos preparados para aceitar a noção de que D-us pode se tornar um homem? E como pode o agir exclusivo de Cristo em “despojar-se” de seus privilégios divinos para se tornar humano, servir como um exemplo prático da humildade ? Um crente pode “alienar-se” de seus atributos humanos e assumir uma natureza totalmente diferente?

Finalmente, se Yeshua é humano e divino, isso não faz dele uma espécie de híbrido? Como ele pode, nesse caso, ainda ser classificado como verdadeiro ser humano? E se ele não é verdadeiramente humano, se ele possui poderes ou uma natureza que é mais do que humano, como ele pode servir como um exemplo de como os seres humanos devem viver?


Vemos que foi uma decisão de Yeshua (Jesus) através do seu sentimento, no que diz respeito a se esvaziar. E de que maneira devemos usar em nós o mesmo sentimento? Deixe-me colocar da seguinte forma: Quando ele aceitou vir do céu – como muitos ensinam – parece sugerir que ele administrou todo o processo de transição até entrar no útero de Maria como uma célula reprodutora. Isso parece estranho como interpretação para a preexistência de Cristo, pois fala dele perdendo uma natureza que adquiriu num lugar, sendo transportado com uma natureza totalmente diferente para outro lugar. Isso implica dizer que o Senhor Yeshua drenou a sua própria essência divina. E nós, como faríamos a mudança usando sentimentos?

E, se foi assim que aconteceu, por que muitos insistem dizer que ele era divino quando aqui andou se ao mesmo tempo dizem que ele despiu-se da sua glória? Assumir a natureza humana dessa forma parece absurdo, pois se acaba perdendo o significado real de escravo e servo inseridos no contexto de Filipenses. Ou seja, bastaria dizer que ele era divino e se transformou num ser humano. No entanto, o texto insiste dizendo que houve significativas mudanças que vieram dar real significado ao contexto, pois fala do sentimento que havia em Yeshua , e não que ele passou de uma condição extraterrestre para uma de habitante deste planeta.

E há um ponto crucial ignorado por milhões dentro da nossa ortodoxia: Será que não passa pela mente trinitariana que foi o Espírito Santo – intitulado por eles mesmos como a terceira pessoa da Trindade – quem desceu até Maria e não o próprio Jesus? A decisão de enviar foi do Pai, não do Filho. Yeshua não deixou sua glória para vir a terra em “sendo em forma de D-us … foi achado na forma de homem” porque ele não estava na eternidade passada. Ele nunca foi preexistente!


Toda essa confusão poderia ter sido evitada se não fosse pela má interpretação da palavra grega morphe. Esta palavra é comumente traduzida para o português como “forma”. A maioria tende interpretar morphe bem ao estilo convencional: natureza divina. Isso significa, para muitos, que a “forma de D-us” aponta para a “natureza” interior de Yeshua , que o seu corpo era divino, transcendente esotérico atemporal. Porém, isso não está de acordo com Bereshit 3:15, quando garante categoricamente que ele foi semente de Mulher, como também não está de acordo com outras passagens que falam do Messias como descendente de Davi e Abraão. Isso não significa simplesmente dizer que ele se esvaziou de sua glória, significa dizer que ele nasceu como todos os homens nascem. Na verdade, Paulo aqui apresenta o Senhor como o Filho do criador do universo, sendo sua [forma]imagem, exemplo deixado em vários discursos do Messias quando afirmava que ele o Pai são um, quem o via também via o Pai e versos similares.


É importante para o novo convertido quando ele ouve sobre Yeshua de Nazaré como um homem; um homem que o salvou e levou seus pecados, ao contrário dessa heresia nociva sugerindo que Yeshua ultrapassou os limites da fraqueza vencendo o pecado porque ele era um ser especial, um homem-D-us, como insinuou um evangélico num dos muitos debates sobre a divindade do Messias : “Seria totalmente impossível a “semente” de Gênesis 3:15 ter sido um ser somente 100% humano, não teria a menor possibilidade de tal vencer as obras do diabo. Jesus derrotou o diabo em harmonia com Deus e tal harmonia era especial. A relação de Yeshua com D-us era especial e para que isso fosse possível se faz necessário algo transcendente em ambos”.


O texto de Filipenses jamais poderia dizer que Yeshua ( Jesus) era D-us tendo a natureza de D-us – ele foi um terráqueo, no grosso da palavra. Além disso, Paulo diz que o Senhor não julgou como usurpação o ser igual a D-us. Igualdade com D-us aqui não significa igualdade com a outra pessoa da Divindade, mas a igualdade como Filho direto de D-us. E essa igualdade aqui não é a igualdade na posse da essência divina, mas na sua expressão.
Vou apresentar aqui uma tradução diferente dos versículos em questão, que podem tornar o entendimento do contexto bem mais claro,
“Embora existindo em igualdade com D-us, não considerou que o ser igual a D-us era algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, sendo reconhecido em figura humana, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de staurós ( poste)“.


Há alguns detalhes aqui que precisam ser observados; “Embora existindo em igualdade com Deus, não considerou que o ser igual a Deus…“. Ora, evidente que isso deve significar que Deus era outro. Portanto, quando diz que ele “esvaziou-se a si mesmo” esta claramente separando ele (si mesmo) de Deus. Na verdade, o versículo poderia ficar dessa forma: “pois ele, sendo a expressão do próprio Deus, não quis se igualar a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana”.


Quando o texto diz que  o messias não quis se igualar a Deus deve significar que ele não era o próprio D-us. O que ele está dizendo é que O Messias em sua mente, ou atitude não egoísta, não “apoderouse” ser igual a D-us, mas humilhou-se como servo por amor a nós. Ele não considerou agarrado em igualdade com D-us. O escritor aos Hebreus explica melhor: “embora fosse filho,  aprendeu a obediência por aquilo que sofreu“.


Que ênfase é essa em “embora fosse filho”? Deve ser filho de alguém muitíssimo importante, não é verdade? De fato, ele é filho do criador do universo, O REI. Mas espere, ele não é o Thor, como você pensa e gostaria que fosse. Em outras palavras, Jesus não se concentrou em sua nobreza como filho, mas se humilhou para servir aos outros. Jesus era da realeza; Deus escolheu como seu filho , àquele que e  linhagem de David  (2 samuel 7;14 ;Mateus 1: 1); Deus poderia declará-lo como herdeiro do trono de Davi (Lucas 1:32). Ele determinou que Jesus iria governar a casa de Israel para sempre (Lucas 1:33). E, enquanto ele nasceu e viveu como rei dos judeus (Mateus 2: 2), Paulo diz aos filipenses no verso 7a que ele “esvaziou-se …”. Uma série de outras traduções dizem: “Mas se fez de nenhuma reputação”. Esse é o caso. .

A nobreza de Yeshua estava em sua relação com Deus como Filho de David sendo chamado filho de Deus  . Por isso o Apóstolo Paulo em outro lugar diz que Yeshua , sendo rico, se fez pobre por amor de nós (2 Cor 8:9). Sim, ele era o filho do Deus Todo-Poderoso, mas não se agarrou nessa realidade humilhando se para servir a outros. Assim, a humildade do Senhor não estava no fato de que, como um filho preexistente, ele desceu de sua posição no céu, como muitos afirmam, humilhando-se em uma encarnação, sugerindo que Cristo não se fez realmente pobre por nós, mas manteve a riqueza de sua natureza divina nobre quando ele encarnou-se, e, enquanto desfilava disfarçado em um corpo humano, sua humildade foi ter que aturar a natureza humana comum em si mesmo ao mesmo tempo em que vivia em sua natureza divina.


O auto sacrifício de Yeshua é contrastado com a história do Gênesis da arrogância de Adão querendo agarrar a divindade no convite de Satanás de que “seriam como D-us”(Gn 3:5) . Como Adão, o Messias foi a forma/imagem de D-us, mas em vez de escolher se agarrar em igualdade ou semelhança com Deus, o messias esvaziou-se, recebendo livremente a forma de um escravo. O messias se humilhou, não escolhendo abraçar a atitude de Adão, passando longe do destino que Adão sofreu como título de punição, sendo assim obediente até a morte. Adão cedeu quando eles estavam sendo tentados pelo pensamento de que poderiam “ser como Deus” (Gênesis 3: 5). Ele não foi um exemplo de humildade e obediência que Paulo poderia apontar para os filipenses.Yeshua ( Jesus), por outro lado, não considerou “a igualdade com Deus algo a ser apreendido”. Jesus era o exemplo perfeito para os filipenses. Ele conseguiu vencer onde Adão falhou. E mesmo que Adão não seja mencionado no texto, a “forma de Deus” em Yeshua pode fazer um paralelo para se referir a Adão como a “imagem de D-us”. Observe que Paulo também chama Yeshua de Adão,

“Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante”, 1 Co 15:45.


Observem o que aconteceu em Gênesis 3:5; o diabo disse para Adão e Eva: “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus…”.

Volta para Filipenses e veja novamente o que os textos dizem sobre o último Adão, Jesus: “Que, sendo a imagem/forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz“.


Portanto, não há nada no contexto de Filipenses aqui em estudo indicando que Cristo possuía igualdade divina com Deus. E quando ele recusa-se ser igual a Deus, ele simplesmente escolhe o caminho oposto ao de Adão. Assim, esse contexto (“mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens”) não deve ser interpretado como o Filho preexistente escolhendo se encarnar, tese que inevitavelmente gera algumas perguntas desconcertantes para os trinitarianos: Se Jesus era Deus no céu, por que Paulo não diz que ele não desejou ser igual a si mesmo se despindo de sua natureza celestial e tornando-se em forma de Homem? Ora, se o texto diz que ele não queria ser igual a Deus, e ele mesmo era Deus, então a confusão trinitariana está armada. De fato, observe a contradição: “o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar“, Filipenses: 2:6.

Novamente: Se Ele era Deus no céu por que o texto não diz que ele “não considerou ser igual a ele mesmo quando estava no estado preexistente?”


Depois de dizer que Cristo estava na forma de Deus, Filipenses 2: 6 prossegue dizendo que Cristo “não considerou a igualdade com Deus algo a ser apreendido” (NIV). Esta frase é um poderoso argumento contra a Trindade. Se Jesus fosse Deus, então não faria nenhum sentido dizer que ele não “compreendia” a igualdade com Deus porque ninguém se agarra à igualdade consigo mesmo. Faz sentido apenas elogiar alguém por não buscar a igualdade quando ele não é igual. Alguns trinitaristas dizem: “Bem, ele não estava buscando a igualdade com o Pai”. Não é isso que o versículo diz. Diz que Cristo não pretendeu a igualdade com Deus, o que torna o versículo sem sentido se ele fosse Deus.


O que o texto está apresentando é uma antítese, um contraste: Jesus não foi e nem era Deus em tempo nenhum. Porém – aqui na terra, não no céu – devido à sua humildade, seu sentimento, rejeitou qualquer aspiração a ser igual a Deus, considerando isso uma usurpação, mas, ao contrário, ‘humilhou-se até à morte’.


Além disso, se Cristo é igual a Deus, como então Deus poderia enaltecer Jesus a uma posição superior, sendo que não há posição superior a de Deus? Ele só poderia ter recebido uma “posição superior” – considerando que ele tinha uma existência pré-humana – se ele não fosse “igual a Deus”. E mais, o verso nove diz que a ele foi dado um nome acima de todo o nome. Isso nos leva a um questionamento curioso: “qual nome ele tinha antes de descer a terra se o que ele recebeu aqui foi maior?”


E acima de todas essas dificuldades devemos considerar a principal delas. O texto grego diz, “ὃς ἐν µορφῇ θεοῦ ὑπάρχων”, que traduzido literalmente é “O qual em forma de Deus existindo“. A declaração está fora de ordem. Ou seja, é uma tradução literal do grego de Filipenses 2:6 que a maioria das nossas versões verteram por, “O qual sendo Deus”. Isto não é absolutamente uma tradução, mas uma enorme adulteração.

De fato, podemos analisar a declaração à luz da própria Bíblia fazendo comparação com outros textos onde a palavra “forma” ocorre. Em Fil. 2:7, no próximo versículo, observamos a palavra “forma” sendo empregada novamente. Paulo nos diz que Cristo literalmente “tomou a forma de escravo”, em uma equivalência dinâmica, e em matéria de tradução, podemos dizer que “assumiu a forma de escravo”. Como sabemos “escravo” se refere a uma classe de pessoas.


As comparações de “forma de Deus” e “forma de escravo” revelam todo o contexto. Atente para a expressão “assumiu a forma de escravo” no versículo sete. É preciso mistificar alguma coisa aqui? Logo, essa “forma de Deus” não trata da natureza de Jesus e sim de sua função, seu propósito.


A palavra usurpação já deixa claro que se trata de se colocar na posição (lugar, cargo) de outra pessoa, não fala de natureza e sim posição e também diz que ele tomou a forma de escravo, novamente se trata de posição (cargo) e não de natureza. Posição de escravo e não natureza de escravo. Escravo é uma posição (cargo) e não uma natureza. Este texto é claro em se referir ao propósito e não à natureza. Assim como “forma de escravo” é posição de escravo, “forma de Deus” é uma posição, e não natureza. E não importa o que dizem os inúmeros léxicos disponíveis, que na verdade não concordam entre si sobre o significado real de morphe. Diferentes léxicos têm pontos de vista opostos sobre a definição dessa palavra, a tal ponto que não podemos pensar em nenhuma outra palavra definida pelos léxicos de forma tão contraditória. Portanto, os léxicos não servem para referências conclusivas nesse contexto.


Por que Paulo faz uma conexão com a morphe de Deus com a morphe de um servo? Parece sem sentido se Paulo tivesse contrastando um “o que” (uma natureza divina) versus um “quem” (um servo). Além disso, um servo não é um servo devido a possuir uma natureza que o classifica como servo. Um servo é um servo devido à sua posição na vida e as atividades de servo que ele realiza. Isso fala de uma função, não de um ser. Não é a natureza ou essência particular que faz de você um servo. É uma posição na vida.

Paulo está falando de um comportamento visível. Tomar a forma de um servo significa necessariamente se comportar visivelmente como servo, fazendo as atividades humildes de um servo. Um servo não é um servo porque ele tem uma natureza particular. Um rei e um servo têm a mesma natureza humana. A categoria servidora refere-se à função não a inerência, e tomar a forma de um servo é uma coisa funcional. Devemos nos perguntar se morphe é uma referência para funcionar também.


Tentando anular a realidade da interpretação os trinitarianos apontam para o verso oito quando Paulo usa o mesmo termo (morphe) e diz que Jesus foi “achado na forma de homem”, o que, para eles, provaria que na eternidade ele era um espírito. Ora, imediatamente após dizer que Jesus foi “achado na forma de homem”, diz que ele “humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”. Veja a passagem com o verso sete adicionado: “Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”.

A semelhança aqui não é uma referência à transferência do céu para a substância física da humanidade, mas sim de “ter se tornado uma imagem da humanidade (pecadora)”, embora ele não tivesse em si mesmo pecado (1Pe 2:22). Observe que a frase, “foi feito (do grego genomenos) à semelhança dos homens” ocorre antes da sequência que diz que ele “se tornou obediente”. O sentido é que ele se mostrou à semelhança dos homens, mas com uma diferença enorme: Ele foi a pedra angular, o ungido, o Salvador dos pecadores, e mesmo sendo um homem, se mostrou obediente à vontade de seu pai. Ele era um homem, vivendo entre os homens, mas com um propósito a cumprir além do que qualquer outro homem foi chamado a alcançar. Por isso o verso oito, “E sendo achado na forma de homem”, foi traduzido por Weymouth como, “E sendo reconhecido como um verdadeiro ser humano”. Foi essa condição humana que deu a Cristo sua empatia com homens e mulheres. A tradução na linguagem de hoje melhora consideravelmente o sentido quando diz que Jesus “abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano”.

E mais uma vez: “achado da forma de homem”, não se refere a qualquer mudança de substância espiritual para carne e sangue. Antes, porque Jesus “tomou a forma de um escravo” significou assumir o status de escravo com a atitude mental (versículo cinco) ou disposição de um servo. Apesar de ser o Messias, ele assumiu o status de homem/humanidade caída para se tornar um servo da humanidade e não assumiu seus direitos e privilégios como filho do Rei. Não há pensamento aqui de mudar para a substância de um ser humano; nenhuma das alterações de localização é indicada, mas a simples aceitação de um status inferior por alguém que, por direito, tem um status elevado. Além disso, como mortal, é impossível que Jesus tenha existido anteriormente como um imortal, isto é, como um anjo ou ser celestial (Lucas 20:36). No entanto, Jesus era como os outros homens e não o mesmo que eles, porque eles precisavam se reconciliar com Deus, enquanto ele não. Novamente, a frase sobre Jesus “tendo sido achado na forma de homem” não tem significado metafísico. Semelhante ao esquema de morphe, deve significar:


1) O estado geralmente reconhecido ou forma em que algo aparece. Nesse caso, podemos ver morphecomo sinônimo de caráter, aparência ou imagem de Deus.


2) O aspecto funcional de algo, modo de vida das coisas; compare com 1 Coríntios 7:31 “Este mundo em sua forma (morphe) atual está desaparecendo”.


No entanto, o mundo da humanidade não terá uma mudança da substância física da qual é feita, mas sim do seu caráter e modo de operação. No caso de Jesus deve ser interpretado como “estar em condição de homem”, ou “compartilhando com os humanos”. Cristo está sendo avaliado como Adão – como homem representativo, como se fosse um homem caído, apesar de não ter sido, mas se colocando no lugar deles para salvá-los. Então, Jesus “tendo se tornado à semelhança dos homens” significa que ele cresceu para ser um homem, assim como os pecadores fazem. A frase está efetivamente dizendo que ele cresceu e se tornou um homem como os outros homens são (Lucas 2:40). Não se tornando um homem de outra coisa (ninguém pode fazer isso), mas tornandose completamente humano, o que poderia significar também que ele foi 100% homem sem divindade alguma. Deus o “fez” à semelhança dos homens. Na verdade, ele foi feito como nós “em todos os aspectos” (Hebreus 2:17).


Jesus esvaziou-se de tudo. Jesus já teria (“tendo”) sido humano quando se esvaziou ou se derramou. Assim, o céu não é o local onde ocorreu tal esvaziamento. Pelo contrário, esta frase mostra que Jesus negou-se a si mesmo ao longo de sua vida para, finalmente, ser sacrificado a nosso favor (Isaías 53:12). Neste caso, “ekenosen” (ele se esvaziou), não se refere a um único momento, entendido pelos trinitarianos como o momento da “encarnação”, mas a completude de uma série de atos repetidos; sua vida terrena, vista como um todo, era um processo infalível de auto esvaziamento.


Portanto, em seu curso de vida, Jesus [o Messias – o homem] pôs de lado essa legítima dignidade, prerrogativas e privilégios como filho do Rei, humilhando-se para viver uma vida de servidão que terminou com a sua morte. Os filipenses seriam convidados a copiar o exemplo impossível de se esvaziar de sua essência? Em vez disso, deviam “esvaziar-se” de sua natureza contenciosa, egoísta e imitar o exemplo vitalício de humildade e abnegação de Jesus. Paulo não nos adverte para não sermos como um arcanjo ou ser celestial. Ele nos adverte para sermos servos humildes como humanos. O contexto adicional é mostrado quando ele diz:


“Eu (Paulo) estou sendo derramado como uma oferta de libação sobre o sacrifício e serviço público para o qual a fé o conduziu” (Fp 2:17). Certamente a essência de Paulo não foi derramada.


Assim, o tema desses versos não é sobre um arcanjo preexistente ou um ser celestial ou o “Deus Filho”, mas o Messias humano, o histórico Jesus – “Pois há um mediador… um homem, Cristo Jesus” (1 Tim. 2: 5 ) que veio a existir através de seu nascimento (Lucas 1:35, 2:11). É evidente que Paulo estava pensando em Cristo como homem quando redigiu essas linhas em Filipenses capítulo dois onde o contexto é: “mas na humildade da mente… que esta mente esteja em vocês, que também estava em Cristo Jesus” (versículos 3-5). Logo, o assunto não é sobre uma mudança na essência ou natureza de Jesus num tempo de pré-concepção, mas fala de um sentimento do homem Jesus quando aqui viveu.


E, por mais incrível que possa parecer, algumas palavras derivadas de morphe são usadas com relação aos crentes, o que não deve significar que eles foram seres divinos ou deuses: “Meus filhos, com quem estou novamente em trabalho de parto até que Cristo seja formado (morphoo) em vós“, Gl 4:19.


Paulo não está sugerindo que os gálatas desenvolvam a forma física de Cristo, ou a literal essência do Jesus ressuscitado, mas que os princípios de Cristo fossem adotados por eles.


Outra pista é encontrada em 2 Timóteo 3: 5 onde lemos que os “homens tinham uma forma de piedade” (morphōsin eusébeias), mas negavam o poder dela. A essência deles era piedade? Evidente que não, pois Paulo diz que eles a negavam. Paulo está se referindo aqui a atividades não intrínsecas. Mais ainda, devemos entender que essa forma de piedade não era autêntica. Esses homens tinham a aparência externa de piedade, mas não eram de todo piedosos. Em vez disso, eles praticavam o mal.


Agindo na forma de Deus


Havia uma “forma de Deus” em Jesus. Ele era “o unigênito do Pai” (João 1:14). Jesus declarou: “quem vê a mim vê o Pai” (João 14:9) e “Eu estou no Pai e o Pai em mim” (João 14: 7–15). Sua vida declarou Deus a Israel, porém, daquele alto status, ele estava preparado para adotar o status de servo para cumprir o propósito de seu Pai. Ou seja, de acordo com a forma de Deus “todas as

Existindo em forma de Deus” (Fp 2: 6,7) – A Humanidade de JESUS

coisas foram feitas por intermédio dele” (João 1:3). De acordo com a forma de um servo, “ele nasceu de mulher, nasceu sob a lei” (Gl 4:4). Conforme a forma de Deus, “ele e o Pai são um” (João 10: 30), de acordo com a forma de servo, “ele não veio para fazer a sua própria vontade, mas a vontade daquele que o enviou” (João 6:38). De acordo com a forma de Deus, “como o Pai tem a vida em si mesmo, ele também deu ao Filho ter vida em si mesmo” (João 5:26), de acordo com a forma de servo, “sua alma está triste até a morte, e: “Pai”, diz ele, “se é possível, passe de mim este cálice” (Mateus 26:38-9).










quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

O Eterno NÃO ACEITA SACRIFICIOS HUMANOS ??? A VERDADE

 

ISAIAS 53

 O SEGREDO DO PODER DA EXPIAÇÃO PELA MORTE DE UM JUSTO


Há atualmente, dentro de certas correntes do Judaismo, a intenção de se tentar invalidar a morte expiatória de Yeshua, dizendo que Deus NÃO ACEITA SACRIFÍCIO HUMANO COMO EXPIAÇÃO PELO PECADO DE OUTRA PESSOA. Mas ao fazerem isso, eles acabam trazendo contradição a seus próprios argumentos e acabam por anular a própria posição que defendem em várias outras situações. Vejamos:
A primeira delas é o antiquíssimo debate sobre quem é o servo sofredor citado em Isaías 53. Estes defendem com veemência que o servo sofredor não é o Messias, e sim o POVO DE ISRAEL. Mas veja o que diz o texto:
"Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; MAS O SENHOR FEZ CAIR SOBRE ELE A INIQUIDADE DE TODOS NÓS. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto FOI CORTADO DA TERRA DOS VIVENTES; PELA TRANSGRESSÃO DO MEU POVO ELE FOI ATINGIDO. E puseram a SUA SEPULTURA com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca. Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; QUANDO A SUA ALMA SE PUSER POR EXPIAÇÃO DO PECADO, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão. Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, JUSTIFICARÁ A MUITOS; PORQUE AS INIQUIDADES DELES LEVARÁ SOBRE SI. Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; PORQUANTO DERRAMOU A SUA ALMA NA MORTE, e foi contado com os transgressores; MAS ELE LEVOU SOBRE SI O PECADO DE MUITOS, e intercedeu pelos transgressores." (Isaías 53:4-12)
Ora, deixando de lado a discussão sobre quem esse texto fala, se é o Messias sofredor, ou se é o povo de Israel que está sendo retratado neste texto, (como eles crêem), O FATO ÓBVIO É QUE ESTE TEXTO INTEIRO FALA DA MORTE DE UM JUSTO COMO EXPIAÇÃO PELO PECADO DE MUITOS! E DIANTE DESTE FATO TÃO CLARO, COMO PODERÃO ELES AINDA ARGUMENTAR QUE DEUS NÃO ACEITA SACRIFÍCIO HUMANO? SE DEUS NÃO ACEITASSE SACRIFÍCIO HUMANO, ENTÃO NEM O QUE ELES CRÊEM (QUE ISAÍAS 53 SE REFERE AO POVO DE ISRAEL), TERIA SENTIDO ALGUM, POIS ESTE TEXTO FALA DE SACRIFÍCIO HUMANO DE PONTA A PONTA. NÃO É UM SER HUMANO QUE ESTÁ SENDO MORTO AQUI PARA EXPIAR OS PECADOS DE MUITOS? COM ESTE ARGUMENTO DE QUE DEUS NÃO ACEITARIA SACRIFÍCIO HUMANO ELES DERRUBAM A PRÓPRIA HIPÓTESES DO SERVO SOFREDOR SER ISRAEL QUE ELES MESMOS CRÊEM!!
Uma outra situação problemática para eles é o fato de o conceito de um MESSIAS SOFREDOR, CONHECIDO COMO MASHIACH BEN YOSEF ser amplamente aceito e conhecido na tradição judaica, e que ele TAMBÉM DEVERIA SER MORTO PARA EXPIAR PELOS PECADOS DO POVO! OU SEJA, SACRIFÍCIO HUMANO NOVAMENTE! Mas como pode? Não eram eles que diziam que Deus não aceita sacrifício humano? E este conceito de Mashiach ben Yossef veio à existência EXATAMENTE PARA SE EXPLICAR PROFECIAS COMO ESTA DE ISAÍAS 53 E TANTAS OUTRAS (como Zacarias 9, Zacarias 11, Salmos 22 e etc..) e este é o principal conceito de Mashiach do Judaismo rabínico ANTIGO, a vasta maioria dos rabinos mais antigos e mais importantes de todos os tempos CRIAM QUE O SERVO SOFREDOR ERA O MESSIAS, esse conceito de que o servo sofredor é o povo de Israel é muito posterior, surgiu mais de um milênio depois, por volta do século 11. Mas, novamente, creiam eles de uma forma ou de outra, a morte do Messias sofredor pelos pecados da humanidade é novamente UM SACRIFÍCIO HUMANO para se expiar pecados de um povo.
Podemos ainda mostrar uma terceira situação, na Tanach (Bíblia) onde um sacrifício humano é feito para pagar por um pecado. A situação onde Finéias (Pinchás) SACRIFICA DUAS PESSOAS QUE PECARAM E ASSIM FAZ EXPIAÇÃO DO PECADO DO POVO TODO E A PRAGA CESSA. Veja:
"E eis que veio um homem dos filhos de Israel, e trouxe a seus irmãos uma midianita, à vista de Moisés, e à vista de toda a congregação dos filhos de Israel, chorando eles diante da tenda da congregação. Vendo isso Finéias, filho de Eleazar, o filho de Arão, sacerdote, se levantou do meio da congregação, e tomou uma lança na sua mão; E foi após o homem israelita até à tenda, e os atravessou a ambos, ao homem israelita e à mulher, pelo ventre; então a praga cessou de sobre os filhos de Israel. E os que morreram daquela praga foram vinte e quatro mil. Então o Senhor falou a Moisés, dizendo: Finéias, filho de Eleazar, o filho de Arão, sacerdote, DESVIOU A MINHA IRA DE SOBRE OS FILHOS DE ISRAEL, pois foi zeloso com o meu zelo no meio deles; de modo que, no meu zelo, não consumi os filhos de Israel. Portanto dize: Eis que lhe dou a minha aliança de paz; E ele, e a sua descendência depois dele, terá a aliança do sacerdócio perpétuo, porquanto teve zelo pelo seu Deus, E FEZ EXPIAÇÃO PELOS FILHOS DE ISRAEL." (Números 25:6-13)
EM TODAS ESSAS SITUAÇÕES HOUVE SACRIFÍCIO HUMANO, ACEITO POR DEUS PARA SE PAGAR POR PECADOS. Nas duas primeiras situações, UM JUSTO é morto para pagar o pecado dos injustos, e na última situação dois injustos foram mortos e a praga que mataria todo o povo cessou, ou seja, Deus aceitou a morte deles como pagamento pelo pecado do povo.
DIANTE DISSO, FICA DEFINITIVAMENTE PROVADO QUE O JUDAISMO RECONHECE SIM, QUE DEUS ACEITA SACRIFÍCIO HUMANO PARA EXPIAÇÃO DE PECADOS. Analisemos mais algumas situações:
O Judaísmo tradicional acredita no poder expiatório da morte dos justos. O historiador judeu ortodoxo rabino Berel Wein descreve a atitude do povo judeu que sofreu atrocidades no século XVII, como segue:
Judeus alimentam esta clássica ideia de morte como uma expiação. . . a melhoria de Israel e da humanidade de alguma forma foi alavancada pelo "esticar do pescoço para o abatimento". . . Este espírito dos judeus é verdadeiramente refletido na crônica histórica do tempo:
"... Aquele que Deus ama será castigado. Pois desde o dia que o Templo Sagrado foi destruído, os justos são abatidos pela morte por causa das iniqüidades da geração." (Yeven Metzulah, final do capítulo 15, citado em Wein, The Triumph of Survival, 14)
Observe como Yeven Metzulah liga os poderes expiatório do morte dos justos à destruição do Templo. Agora que já não há sacrifícios do Templo, os justos morrem em nome do povo.
De acordo com o Talmud, "a morte dos justos expia" (mitatan shel Tsaddiqim mekapperet). Mais notavelmente, os rabinos interpretam a morte de Miriam e Arão a esta luz, explicando que a morte dos justos expia (ver b. Mo'ed Qatan 28a).
O Zohar também apoia esta ideia do poder expiatório do justo com referência a Isaías 53:
Os filhos do mundo são membros uns dos outros, e quando o Santo deseja dar cura para o mundo, ele fere um homem justo entre eles. . . De onde é que vamos aprender isso? Do dito, "Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades" [Isa. 53: 5]. . . Em geral, uma pessoa justa é apenas ferida a fim de obter a cura e reconciliação para toda uma geração. (Citado em Driverr-Neubauer, 2:15)
Esta mensagem, ou seja, que uma pessoa piedosa pode sofrer de modo a expiar os pecados dos outros, é central para a mensagem da Boa Nova de Yeshua. Quem poderia ser mais santo e mais justo do que o Messias? Seu sacrifício trouxe a liberdade de transgressões. Embora nós merecemos a morte, Ele tornou-se uma fonte de vida para todos os que crêem. Esta mensagem sobre o Messias Yeshua é completamente bíblica e completamente judaica.
Considere a avaliação de Solomon Schechter dos ensinamentos do Talmud sobre o sofrimento dos justos e da expiação:
A expiação de sofrimento e morte não se limita à pessoa que sofre. O efeito expiatório estende-se a toda a geração. Este é especialmente o caso com esses sofredores como não podem, quer em razão da sua vida justa ou pela sua juventude, serem merecedores das aflições que vieram sob eles. (Aspects of Rabbinic theology, 310-311)
Este ensinamento do Talmud é completado com a seguinte oração na quarta Macabeus (escrito em algum lugar entre 100 aC - 100 dC): ". Faz com que o nosso castigo seja uma expiação para eles. Faça meu sangue a sua purificação e pegue minha alma como resgate por suas almas "(4 Macabeus 6: 28-29). E há grandes estudiosos que argumentam que essa ideia do poder expiatório dos mártires justos remonta ao Akedah, o sacrifício de Isaque; como está escrito em quarta Macabeus, "Isaac ofereceu a si mesmo por uma questão de justiça Isaque não retrocedeu quando viu a faca levantada contra ele pela mão de seu pai...." (4 Macabeus 13:12; 16:20).
Os rabinos acreditavam que Isaac tinha trinta e sete anos de idade quando Abraão foi chamado por Deus para lhe oferecer no Monte Moriá (Gn 22), fazendo de Isaac, o maior herói no evento, desde que ele não resistiu as ações de seu pai. Em um conto do midrash da criação, Deus descreve aos anjos o significado do homem com as seguintes palavras: "Você deve ver um pai matar seu filho, e o filho consentir em ser morto, para santificar o meu nome" (Tanhuma, Vayyera, sec . 18). Outra Midrash compara mesmo Isaque - que carregava a madeira para a oferta em seu ombro - para "aquele que carrega sua cruz em seu próprio ombro" (ver Gênesis Rabá 56: 3). Claro, Isaque não foi realmente sacrificado, mas, apesar disso, os rabinos ensinam que "As escrituras creditam a Isaque TER MORRIDO e tendo suas cinzas derramadas sobre o altar" (Midrash HaGadol em Gen. 22:19), e Deus é visto como TENDO ACEITO O SACRIFÍCIO DE ISAAC", como se [as cinzas de Isaque] foram empilhados em cima do altar" (Sifra, 102c;. b Ta'anit 16a). De acordo com a doutrina de que não pode haver reconciliação sem o sangue ter sido derramado, OS RABINOS AFIRMAM QUE ISAAC, DE FATO, DERRAMOU O SEU SANGUE (veja Mekhilta d'Rashbi, p 4;.. Tanh Vayerra, sec 23.).
O COMPROMETIMENTO DE ISAAC é comemorado pelos judeus ao longo das gerações, até hoje. O Mekhilta de Rabi Ishmael, um midrash recente, comenta sobre o sangue que foi aplicado às molduras de portas em Êxodo 12:13, o sangue que fez o anjo da morte passar sobre os hebreus e poupar seus primogênitos. O Midrash declara: " 'E quando eu vir o sangue, passarei por cima de vós' - VEJO O SANGUE DO COMPROMETIMENTO DE ISAAC" (I, 57), o que significa que não era o sangue dos cordeiros do sacrifício que Deus viu mas sim o "SANGUE" de Isaque. Há até mesmo uma oração judaica que ainda é recitado em um serviço adicional para Rosh Hashaná, o Ano Novo judaico, que diz: "Lembre-se hoje o comprometimento de Isaque com misericórdia para com seus descendentes."
Como isso é poderoso na memória do povo judeu, e como claramente aponta para o poder expiatório da morte dos justos. Mas, enquanto Isaac não era perfeitamente justo e não chegou a morrer no Monte Moriá, Yeshua nosso Messias era perfeitamente justo e morreu em nosso lugar.
Há também uma visão fascinante que podemos recolher a partir do livro de Números a respeito do poder expiatório da morte do sumo sacerdote. A Torá ensina que o derramamento de sangue profana a terra e o único pagamento aceitável para este derramamento de sangue é o sangue daquele que o derramou. Mas e se um homem matou alguém acidentalmente? Então, ele poderia fugir de seus vingadores e viver em uma cidade de refúgio até a sua morte ou até a morte do sumo sacerdote (Num. 35:28).
O que, então, pagaria pelo derramamento do sangue? Foi seu tempo no exílio, ou foi a morte do sumo sacerdote? O Talmud, "Não é o exílio, que expia, MAS A MORTE DO SUMO SACERDOTE" (m Makkot 2:.. 6; b Makkot 11b, ver também Levítico Rabá 10: 6).
A morte do sumo sacerdote, o líder espiritual do povo de Israel, expia o homicídio acidental, funcionando como um substituto para a morte daquele que inadvertidamente matou outra pessoa. O sumo sacerdote, o indivíduo chamado para ser mais próximo de Deus na nação de Israel, intercede em nome do povo, não só através de suas orações, mas também através da sua morte! De maneira semelhante, alguns dos antigos rabinos declararam: "VEJA QUE EU SOU A EXPIAÇÃO DE ISRAEL" (Mekhilta 2a; m Negaim. 2: 1 em Schechter, 311).
Se, de acordo com a tradição rabínica, os sumos sacerdotes, os rabinos piedosos, santos mártires e os justos de Israel são capaz de expiar o pecado de sua geração, então não faz sentido que o Messias, que é o nosso maior líder e o único mártir perfeitamente santo, iria fazer expiação pela sua nação?
Yeshua, o Messias, é o nosso grande sumo sacerdote! Ele é nossa expiação!
Esta doutrina não é algo inventado pelos seguidores de Yeshua, mas é uma ideia que tem sua base na nossa antiga tradição judaica e nas Escrituras Hebraicas.
shalom!!!



sábado, 18 de abril de 2020

Sangue de D-us? (Atos 20.28) Compreendendo melhor as Escrituras


Sangue de D-us? (Atos 20.28)



Para muitos cristãos, a humanidade de Cristo é como um parente indesejável. Evitam recebê-la em sua fé. Não gostam de perceber o lado humano de Jesus, ou mesmo emprestar para a figura de Cristo um perfil humano. É como se fosse um sacrilégio olhar Jesus apenas como um ser humano excluindo dele a divindade tão exigida que supostamente aparece nos relatos das Escrituras. É um pecado mortal, alegam os mais espirituais e piedosos.

 Será muito justo se dissermos que todo esse desacerto doutrinário tem um único culpado: a nossa Ortodoxia Protestante, a qual está envolvida com o mundo sagrado católico romano até o pescoço. Ela recebeu tudo aquilo que diz respeito à divindade e deidade de Jesus, mas não percebeu (?) que todo esse material é oriundo dos velhos concílios do passado, e que a Trindade é um monopólio Católico Romano, e é um dos maiores embustes doutrinários de todos os tempos.

Essa Ortodoxia também parece não se importar de sofrer o ridículo quando alguém lhes questiona sobre Deus ter sangue, mesmo quando a menção aponta para o Senhor Jesus como sendo esse Deus. Eles não respondem, não querem entrar a fundo na discussão, e como desculpa soltam aquele velho jargão: “É um mistério!”

Realmente é um mistério. Acho que é por isso que está escrito na testa da Grande Meretriz em Apocalipse 17:5: “Mistério, a grande babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra”. O Senhor colocou na boca de cada um deles hoje a palavra MISTÉRIO quando é exigida uma resposta para o significado da Trindade. Está aí a identificação da Grande Babilônia, criadora da Trindade.

Vamos ao texto de atos 20:28; qual tradução seria a mais viável: “Pastorear a igreja do Senhor, que Ele comprou com o seu próprio sangue“, “Pastorear a igreja de Deus, que Ele comprou com o sangue do seu próprio Filho” ou “Pastorear a igreja de Deus, que Ele comprou com o seu próprio sangue?” 


Evidente que para os trinitarianos a última opção é a verdadeira, sem dúvida. Os trinitarianos reivindicam que este versículo mostra que Jesus é Deus porque foi Jesus quem comprou a igreja com seu próprio sangue e a passagem diz que Deus comprou a igreja com seu próprio sangue. Logo, Jesus é Deus.

Veja a tradicional versão de Atos20: 28; “Acautelai-vos, pois, por vós, e por todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, que ele comprou com seu próprio sangue”.

 Como outras traduções apresentam este verso “…, 



por meio do sangue do seu próprio Filho” – Bíblia na Linguagem de Hoje – SBB. “…,

pelo sangue do seu próprio Filho” Bíblia de Jerusalém. “…, 


por meio do sangue do seu próprio Filho” BMD (Bíblia Mensagem de Deus) 1983 “…,

 por meio do sangue do seu próprio Filho”- BF (Bíblia Fácil), Paulo Avelino de Assis, Centro Bíblico Católico 


Note como a KJA traduziu todo o texto: “Concluindo, tende cuidado de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos estabeleceu como epíscopos para pastoreardes a Igreja de Deus, que Ele comprou com o sangue do seu Filho Unigênito” – Atos 20, King James Atualizada 


Bíblia de Jerusalém em Espanhol: “Tendes cuidado de vosotros y de toda la grey, en medio de la cual os ha puesto el Espíritu Santo como vigilantes para pastorear la Iglesia de Dios, que él se adquirió con la sangre de su propio hijo” – Atos dos Apóstolos, 20 – Bíblia Católica Online 


Veja outras traduções em Inglês “o sangue de seu próprio filho”. (NET) Tradução Nova em Inglês – 2005

 “o sangue de seu próprio filho”. (NRSV) Nova Versão Padrão Revisada – 1989 

“o sangue de seu próprio filho”. (RSV) Versão Padrão Revisada – 1946

 “a morte de seu próprio filho”. Bíblia em Inglês Comum – 2011 

sangue do próprio filho”. Bíblia Judaica Completa – 1998



 “o sangue de seu próprio filho”. (CEV) Versão Inglesa Contemporânea – 1995

“o sangue do seu filho”. (GNT) Boas Novas Tradução – 1992 

“o sangue de seu próprio filho”. Bíblia Online Lexham – 2010

 “a morte de seu próprio filho.” (NCV) Versão do Novo Século – 2005

 “o sangue de seu próprio filho”. (VOZ) A Tradução da Bíblia – 2011 

Muitos experts no texto bíblico entendem que a frase “a igreja do Senhor” (encontrada em nenhum outro lugar do Novo Testamento) foi substituída pela mais familiar “a igreja de Deus” (encontrada onze vezes nos escritos de Paulo). Na verdade, isso não faria diferença, pois Senhor aqui é o próprio Deus. Quando os dois são abreviados, como costumava acontecer em alguns manuscritos, é por que há apenas uma diferença de uma letra entre eles. A leitura “a igreja do Senhor e Deus” é uma combinação das duas leituras, assim como “a igreja do Senhor Deus”, que é lida por muitos dos manuscritos bizantinos. As ocorrências nas quais aparece a expressão ‘Igreja de Deus’ estão em 1 Coríntios 1:2; 10:32; 11:22; 15:9; 2 Coríntios 1:1; Gálatas 1:13; 1 Timóteo 3:5, 15. 


Tanto a Sociedade Bíblica Americana quanto o Instituto de Pesquisa do Novo Testamento da Alemanha (que produz o texto grego Nestlé-Aland) concordam que a evidência do manuscrito apoia a leitura “tou haimatios tou idiou”, literalmente traduzido como, “o sangue de Seu próprio (Filho)”, e não “idiou haimatios”, “seu próprio sangue”. Deus pagou por nossa salvação com o sangue de Seu próprio Filho, Jesus Cristo.


 E de fato é o que temos nesse versículo: “Acautelai-vos, pois, por vós, e por todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, que ele comprou com o sangue do seu próprio filho”. Se fosse realmente o sangue de Deus, em vez de o sangue do homem Jesus Cristo, então não houve resgate, pois é o sangue de um menor que os anjos – um ser humano – que era necessário para realizar a satisfação pelo pecado da Adão. Jesus, sendo o nosso sumo sacerdote designado pelo Deus Supremo, oferece seu próprio sangue diante do Pai, que recebe o sacrifício (Salmo 8:5; João 17:1, 3; Hebreus 2:9; 3:1, 2; 9:14). É claro que, na realidade, o Deus Todo Poderoso é um ser espiritual e não tem carne e sangue (João 3:24; 2 Coríntios 3:17)

 A Escritura não poderia nunca reclamar que o sangue de Deus foi derramado, nem mesmo como figura apontando para Jesus. Acredito eu que este é o único versículo em todo o Novo testamento que jamais deveria ser traduzido como sendo Deus quem derramou seu sangue por causa do sacrifício pelo pecado, que deveria ser feito por um homem. A ênfase dada ao Pai no texto destrói todo o contexto do sacrifício quando se fala que um ser imortal (I Tm 6:15) derramou sangue. 

Era o homem incorrupto Adão, que pecou, tornou-se corrompido, e foi condenado à morte, e sob a lei divina, poderia ser resgatado somente pelo sacrifício de um homem, sem pecado e incorrupto. A lei declara: “Olho por olho, dente por dente, e vida de um homem para a vida de um homem” (Êxodo 21:24). Assim, o sangue de touros e bodes jamais poderia fazer expiação pelo pecado de Adão, porque não corresponde a exigência (Hebreus 10:4). O homem pecador deveria ser resgatado por outro homem, mas sem pecado. 

Portanto, a tradução de Deus (que derramou seu “próprio sangue”) para dentro do texto é espúria. Ela não permite que se faça uma comparação de Jesus como Deus, pois declara que Deus pode morrer. O Filho é o sujeito do texto, e apocalipse enfatiza isso quando afirma que foi ele quem nos comprou: “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação”. Apo 5:9

 I Coríntios 7: 22,23 também nos diz algo: “Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e da mesma maneira também o que é chamado sendo livre, servo é de Cristo. Fostes comprados por bom preço; não vos façais servos dos homens”

As palavras sangue de Deus chega a ser uma aberração no texto. Imagina o susto para um judeu monoteísta incrédulo ler o versículo dessa forma? Aliás, acho até que a composição do verso é uma agressão à inteligência das pessoas. A primeira vista a pergunta que surge é: DEUS TEM SANGUE? Na verdade, esse versículo é o único em toda a Bíblia que não devia ter Deus nessa função. Motivo disso é o contexto do sacrifício, que é exigido por alguém semelhante aos pecadores, segundo diz hebreus: “Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo” (Heb 2:17). 

Em João 4.24 a Bíblia diz que “Deus é Espírito”. Quem disse que Espírito tem sangue, carne e ossos? Jesus quando ressuscitou disse a Tomé em Lucas 24: 39 “Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho”. 
É claro que, na realidade, Deus Todo-Poderoso é um ser espiritual e não tem carne e sangue. 

“O que está em causa aqui é o final do verso, cuja leitura dá a entender que Deus tem (ou teve) sangue, e isso só poderia ser cogitado, se aplicado a Cristo, dizendo que a humanidade de Jesus é a própria Deidade. 

Assim, aqui existem, pelo menos, duas questões:

1) A humanidade de Jesus é também deidade? Ou seja, Jesus é de única natureza, de tal modo que o sangue não é do homem Jesus, mas de Deus? Será que a deidade se transformou em carne também e vice-versa? 

2) A expressão “seu próprio sangue” pode significar outra coisa que não uma relação de identidade direta? 


A primeira é menos provável se tomarmos a Bíblia em seu sentido amplo, pois além de descaracterizar quem é Deus, anularia o sacrifício de Cristo: um humano resgatando a humanidade (o segundo Adão), assim como um humano fez cair a humanidade (o primeiro Adão). Rm. 5.14 mostra que foi o homem Jesus, enviado pela graça de Deus que verteu o seu sangue. 

Em favor da segunda opção temos o resto da Bíblia, que nos informa que Deus é Espírito (Jo. 4.24) e que um espírito não tem carne e ossos, consequentemente não tem sangue (Lc. 24.39). 


Assim, sangue é algo físico, inerente à matéria. Nesse sentido, o sangue de Deus, não pode significar que Deus tem sangue, mas que o sangue pertence a ele. 


Além do mais, se o sangue em At. 20.28 é o sangue das “veias” de Deus, isto significaria inapelavelmente que Deus morreu, já que foi esse sangue que teria sido vertido na cruz, mas as Escrituras dizem: I Tm. 1.17 “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.” O IMORTAL não morre. Se um dia o IMORTAL morreu não era, então, de fato, IMORTAL, pois pôde morrer, provando sua mortalidade. Deus não poderia ter dado “seu próprio sangue” e não ter sido considerado MORTO. Mas, isso tornaria falso I Tm. 1.17. 


Mas, será que existe apoio linguístico para a acepção de que o sangue pertence a Deus, sem ser o sangue do próprio Deus em si? Sim, existe! A expressão “διὰ τοῦ ἰδίου αἵµατος” pode ser entendida de duas formas: a) atributivamente, que é como a maioria dos trinitários entende; ou b) possessivamente, significando que o sangue é de alguém que pertence a Deus. Isso tem apoio do resto da Bíblia que apresenta Deus e Jesus como seres distintos, não apenas pessoas distintas!

 As escrituras dizem: “Corpo me preparas-te” (Hb. 10.5). A epístola aos hebreus deixa claro que Deus preparou um corpo não para si próprio, mas para outro. O verso 7 dessa mesma epístola mostra, mais uma vez de forma clara, que quem adquiriu o corpo não foi Deus, mas alguém disposto a fazer a vontade de Deus.


 O contexto onde esse verso de Atos está inserido fala, no mesmo capítulo, de Deus e de Jesus em distinção várias vezes: At. 20.21,24, 27. O fluxo do texto não leva os leitores a acreditarem que Jesus é o mesmo Deus de quem aparece em distinção recorrentemente.

Apoio de trinitaristas! O entendimento de não tratar-se do “sangue de Deus” não é exclusividade dos unitarianos. É uma constatação lógica do texto bíblico. Basta lembrarmos que a palavra “Deus” ocorre certa de 1.340 vezes. Note 1.340 vezes. Desta milhar e algumas centenas apenas raras, realmente raras vezes o termo é aplicado, em teoria, a Jesus (talvez umas 6). E todas essas escassas vezes o texto não está livre de apuração. E At. 20.28 é um caso típico! 

O PhD Dr. Murray J. Harris que é professor emérito de exegese do Novo Testamento e teologia na Trinity Evangelical Divinity School, em Deerfield, Illinois, diz em seu livro “Jesus como Deus – O uso Theos no Novo Testamento, em referência a Jesus” (Grand Rapids: Baker Book House, 1992), 141: “nesta construção de ίδιος é mais provável que θεός é Deus, o Pai e o objeto não expresso de περιεποιήσατο é Jesus”. Ou seja, mesmo os que defendem Jesus como Deus reconhecem que o texto não pode se referir ao sangue do Deus que é Espírito, mas pertencer a ele, através do Filho que é dEle. 

Há uma variante grega, usada na USB, que traz a parte final do verso assim: “διὰ τοῦ αἵµατος τοῦ ἰδίου”. Literalmente se traduz: “com o sangue de seu próprio”. Há uma expressão similar em Rm. 8.32 onde encontramos “τοῦ ἰδίου υἱοῦ” (seu próprio Filho). Já vimos que a outra variante pode ser usada tanto atributivamente como possessivamente. Então se houvesse apenas ela a possessividade já era constatável. Mas, esta mostra diretamente a possessividade, o que permite concluir que o texto fala do sangue do Filho. Esse uso não é estranho. Mager em “Um Comentário Textual em grego do Novo Testamento”, 2 ª ed. (Stugart: Sociedades Bíblicas Unidas, 1971.), 426, diz: “Este uso absoluto de ‘idios’ é encontrada em papiros gregos como um termo carinhoso referindo-se a parentes próximos”. 

A Bíblia de Jerusalém, que é uma bíblia produzida por católicos e protestantes, assim verteu o verso: “nele o Espírito Santo vos constituiu guardiães, para apascentardes a Igreja de Deus, que ele adquiriu para si pelo sangue do seu próprio Filho”. Assim também entenderam os tradutores católicos e trinitários da versão da CNBB: “o Espírito Santo os constituiu como guardiães, para apascentarem a Igreja de Deus, que ele adquiriu para si com o sangue do seu próprio Filho”. Outra versão protestante, logo, feita por trinitarianos, NTLH apresenta o verbo com a redação: “o Espírito Santo entregou aos seus cuidados, como pastores da Igreja de Deus, que ele comprou por meio do sangue do seu próprio Filho.”.

 Nota-se com isso que, seja católico, seja protestante ou, ainda, os dois juntos, os tradutores não têm dificuldades em perceber que ali não se trata do sangue de Deus em si. 

Logo, o entendimento unitariano que vê em At. 20.28 a Bíblia falar do sangue que pertence a Deus porque o Filho pertence a ele, tem apoio não somente do ponto de vista bíblico (Rm 8:32 “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?“), mas linguístico e exegético, refletido em reconhecidas
traduções bíblicas e renomados exegetas trinitários. Claro, só a Bíblia já bastaria, mas essas informações extras são só para mostrar que esse entendimento não é exclusivo do unitarianismo” (1). 1 FILHO, Valdomiro – Atos 20:28

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